O que é CVC e por que as empresas estão aderindo?
O Corporate Venture Capital ou CVC é o investimento em uma startup por parte de uma uma grande empresa visando retornos estratégicos, nem sempre financeiros.
O mundo tem mudado e acompanhar essas tendências já não é mais uma opção, mas uma questão de sobrevivência. Dessa forma, diante de um ecossistema efervescente de inovação, as corporações têm expandido seus horizontes na busca de maior efetividade, agilidade e impacto. O Corporate Venture Capital (CVC) é um desses modelos disponíveis na Inovação Aberta para que companhias possam incorporar e trabalhar soluções externas no seu próprio modelo de negócio e operação.
Segundo o estudo Corporate Venture Capital: Report 2021, publicado pela DISTRITO, estamos vivendo um momento próspero para o CVC. Para se ter uma ideia, a CB Insights aponta que os valores investidos globalmente em CVC se aproximam dos US$ 80 bilhões. No Brasil, temos 162 rodadas de investimento envolvendo CVCs, totalizando US$ 1,3 bilhão investidos ao longo dos últimos 20 anos nessa modalidade.
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O que são os Corporates Venture Capital?
O ecossistema de inovação está aquecido, novas startups estão surgindo a todo momento com soluções disruptivas. Nesse contexto, as grandes corporações já entenderam que também podem se beneficiar desse movimento e estão investindo em startups buscando retornos estratégicos, e às vezes financeiros, para o negócio.
Esse tipo de investimento é chamado de Corporate Venture Capital. Ou seja, os CVCs são fundos de investimentos criados por grandes corporações para financiar o desenvolvimento de startups e projetos de pesquisas, com benefícios diretos para ambas as partes.
Um CVC não é um processo de impacto imediato, mas um investimento em inovação voltado para o futuro. Para se ter uma ideia, especialistas estimam que os resultados podem aparecer em 6-8 anos após os primeiros investimentos. Além disso, ele demanda um montante considerável de capital por parte da corporação e muitas vezes requer a contratação de especialistas externos para auxiliar em aspectos teóricos e práticos.
Confira os 5 objetivos estratégicos do CVC elencados pelo Growthaholics:
CVC: história e panorama
Apesar de não ser um movimento novo, ainda existe um relativo ceticismo com relação aos benefícios do CVC. Afinal, por que não simplesmente adquirir a startup ou empregar o dinheiro no departamento responsável por P&D da empresa?
Contudo, seus cases de sucesso têm mostrado, cada vez mais, sua relevância inclusive em tempos de crise. O que o faz relevante e permite que ele tenha um ritmo de crescimento constante ao longo do século XXI. Como mostra o gráfico abaixo:
O cenário macroeconômico também ajudou nessa boa fase. De acordo com o estudo da DISTRITO, esses elementos levaram à superação da crise dos anos 2000, fazendo do CVC uma prática recorrente ao longo da indústria, atraindo não somente empresas de tecnologia, mas dos mais diversos setores e tradições corporativas.
Já no cenário brasileiro, os valores e números de deals ainda são tímidos. Segundo o Report temos 162 rodadas de investimento envolvendo CVCs no país (212 contando as rodadas sem valores revelados), totalizando US$ 1,3 bilhão investido ao longo dos últimos 20 anos nessa modalidade, a maioria de 2013 para cá.
Segundo o Report, aproximadamente 70% desses investimentos estão concentrados nos estágios iniciais, Seed e Pré-Seed. Isso demonstra como, historicamente, o CVC no país teve como alvo prioritário as startups no começo de sua trajetória de desenvolvimento.
CVC & Deep Tech: essa dobradinha dá caldo?
O que tudo isso representa para as deep techs? Como o CVC pode atuar junto às iniciativas de inovação que baseiam suas soluções em conhecimentos científicos que apresentam alta complexidade de desenvolvimento?
Recentemente, lançamos um estudo inédito em parceria com o especialista Erik Cavalcante, falando sobre como viabilizar investimentos em deep techs. Um ponto levantado pela pesquisa foi a importância das grandes empresas no quebra-cabeça do desenvolvimento de deep techs com apelo de mercado e potencial de escala.
Para entender essa relação precisamos lembrar que, apesar de o investimento em deep techs estar crescendo, o modelo tradicional de venture capital não se mostra compatível com o escopo de desenvolvimento dessas startups. Afinal, o tempo de retorno esperado é muito curto para o ciclo de desenvolvimento das deep techs e os tickets de captação delas, nas primeiras rodadas, podem ser significativamente maiores do que os de uma startup digital.
Nessa pegada, o CVC se mostra uma opção adequada, afinal ele busca investir visando objetivos não apenas financeiros, mas também estratégicos. Por retornos estratégicos, entendemos, por exemplo, acesso a especialistas, desenvolvimento de novos produtos, testes de novos mercados, evolução em processos e na cadeia de valor, entre outros. Além disso, como já falamos, um CVC não é um processo de impacto imediato, mas um investimento em inovação voltado para o futuro, assim como os projetos de pesquisa, apontando assim um possível match nessa dobradinha.
Contudo, cabe destacar que a grande empresa ainda precisa amadurecer o diálogo com centros de pesquisa e academia, o que demandará adaptações e revisões nas ações e estratégias que têm sido observadas até então na lógica mais comum da inovação aberta.
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Fontes usadas
- Corporate Venture Capital: Report 2021 – DISTRITO
- O que é Corporate Venture Capital (CVC)? – Growthaholics
- Investindo em Deep Techs – Wylinka
Autora:
Tuany Alves – jornalista especializada em divulgação científica e analista de comunicação pela Wylinka, atua na tradução e difusão do conhecimento gerado nos projetos para o público interno e externo da organização.