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O futuro é nordestino e tecnológico: como o Brasil se tornou uma potência em hidrogênio verde

05/outubro/2022

Fonte de energia do futuro, o hidrogênio verde é uma das apostas para a descarbonização da indústria. Confira como ele é produzido e qual é o papel do Nordeste nessa história.

Objetivo estipulado por países de todo o mundo até 2050, a descarbonização do planeta é um dos grandes braços para frear as mudanças climáticas. Com o intuito de reduzir as emissões de carbono em todas as frentes, de forma a desacelerar o aquecimento global, uma série de inovações que focam no desenvolvimento e aperfeiçoamento de energias renováveis têm surgido.

Nessa corrida, o hidrogênio (H2) é um dos candidatos queridinhos do momento. Para se ter uma ideia, o hidrogênio verde é apontado como a fonte de energia do futuro, capaz de zerar as emissões de carbono na atmosfera, possibilitando que acordos como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris sejam alcançados.

Mas o que é esse tal de hidrogênio verde? Como ele consegue ser mais sustentável? O que o Brasil tem a ver com isso e como o Nordeste está se tornando pioneiro nesse cenário? A resposta para essa e outras perguntas você vê aqui! Pegue um café e vamos lá.😉

O que é Hidrogênio Verde?

Primeiro da tabela periódica, o hidrogênio é o elemento mais abundante do universo, porém não é encontrado livre na natureza. A obtenção dele envolve, na maior parte das vezes, a utilização de fontes de energia poluentes, como o petróleo, o gás natural ou o carvão.

Já o hidrogênio verde está na contramão desse processo, utilizando energia de fontes renováveis como a eólica, a solar e de a biocombustíveis. Inclusive ele ganha esse nome (verde) por não emitir gases causadores do efeito estufa como o CO2.

A forma de produção desse novo hidrogênio que mais recebe investimento e atenção, no momento, é a eletrólise da molécula da água, que requer somente água e energia renovável. Além de ser totalmente sustentável, o hidrogênio verde é fácil de armazenar e versátil, podendo ser transformado tanto em eletricidade, quanto em combustíveis sintéticos.

Hidrogênio Verde e ESG juntos pela sustentabilidade

Se o hidrogênio verde é tão bom, por que ele ainda não é o mais usado? A promessa do hidrogênio como recurso energético já entrou e saiu de foco algumas vezes e o principal desafio ainda continua sendo o mesmo: seu alto custo.

Para se ter uma ideia, a produção de hidrogênio verde chega a custar US$ 7,50 por quilo. Já o hidrogênio feito a partir da conversão de gás natural custa em média US$ 2,40.

Contudo, recentemente o tema tem ganhado mais destaque e apoio dos governos e dos investidores, que estão pressionando as empresas para redobrar os esforços em pesquisa e desenvolvimento do hidrogênio como fonte de energia. Um exemplo é a  Europa onde fundos de investimento estão se aliando a governos e empresas do setor elétrico para tornar o hidrogênio um substituto viável ao gás natural russo devido a Guerra na Ucrânia.

Com isso, o H2 verde encontrou um possível parceiro em um outro termo, o ESG. O termo também tem estado em alta no mercado mundial nos últimos anos e refere-se às melhores práticas ambientais, sociais e de governança dentro das organizações.

Essa dobradinha pode ser a chave para garantir ao Brasil o protagonismo na reestruturação econômica pautada em estratégias ESG. Afinal, o hidrogênio verde permite a descarbonização dos processos industriais e do setor de transporte. Além disso, há a expectativa de que ele promova a unificação dos mercados de combustível, industrial e elétrico, dada a sua versatilidade e aplicação múltipla.

Nordeste na corrida pela produção de energias renováveis

Há um longo caminho até que o hidrogênio verde esteja na vida das pessoas. Porém algumas regiões brasileiras já investem nesse cenário, como é o caso do Nordeste.

Por exemplo, o hub mais avançado em hidrogênio verde do país está no Porto de Pecém, ao norte de Fortaleza. Atualmente ele possui pesquisas avançadas com pelo menos dez companhias, como a ArcelorMittal, ou consórcios interessados em produzir verde no Ceará.

Além disso, Pecém tem entre seus sócios o Porto de Roterdã, que se posiciona como uma das principais portas de entrada do hidrogênio no continente. A expectativa é que a produção comercial tenha início em 2025 ou 2026.

Outro estado nordestino considerado uma potência para o desenvolvimento de hidrogênio verde, devido sua disponibilidade de recursos de energia renovável de baixo custo, é a Bahia. Tanto que a primeira fábrica brasileira deste insumo em construção está alocada na região. Saiba mais aqui.

Trabalhando com o hidrogênio

Por aqui, também estamos de olho no potencial do hidrogênio produzido de forma sustentável. Um exemplo é o trabalho do Pedro Batalha apresentado na primeira fase do programa de pré-aceleração de tecnologias químicas, SBQ Acelera. Conheça a iniciativa aqui!

O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) sempre se interessou pelo tema energia e começou a desenvolver uma pesquisa com fotossíntese artificial em 2018, época em que havia pouquíssimo conteúdo disponível sobre o assunto. Segundo Batalha, a ideia é produzir um corante capaz de absorver a luz solar e direcionar essa energia luminosa para gerar energia química.

“O objetivo é pegar essa energia e transformar a água em hidrogênio. O que é muito interessante, já que o hidrogênio é um combustível químico com alto rendimento energético. Além disso, esse processo não liberará nenhum gás nocivo ao meio ambiente e pretende usar um recurso natural e abundante do país, a água”, conta. 

Atualmente, o estudo está sendo desenvolvido e o pesquisador está em busca de parcerias, uma vez que sua solução demanda uma série de conhecimentos complementares para que o ciclo proposto seja devidamente fechado. “Já tenho algumas parcerias firmadas e estamos desenvolvendo estudos para verificar se o corante funciona em outras linhas de pesquisa”, informa.

Qual o papel da ciência e inovação nesse cenário?

O que todos eles têm em comum? Investimento em ciência e tecnologia!

Segundo Maristela Meireles, Gestora de Marketing na Wylinka, iniciativas como a do hidrogênio verde demonstram que o investimento em deep techs não é só uma vantagem competitiva de mercado, como uma necessidade.

“O investimento em tecnologia e ciência de ponta demanda tempo de maturação, mas quando o cientista rompe a fronteira e consegue tornar o impossível possível, vários mercados se beneficiam da mesma tecnologia ao mesmo tempo”, aponta.

A gestora, que já atuou na capacitação de empreendedores e no desenvolvimento de metodologias para os nossos programas de inovação e aceleração de soluções, destaca que estamos vendo surgir um novo movimento na inovação: as deep techs como nova aposta do mercado de inovação.

“As startups digitais estão tendo mais trabalho para captar investimentos e o mercado de capital está ficando saturado de iniciativas como marketplaces, que têm sido mais cobradas em relação a sua capacidade de gerar fluxo de caixa e resultados”, informa.

São diversos os produtos disruptivos que podem ser criados na mesma base tecnológica e é preciso pensar: quando a transformação vem, quem quer estar na frente? E quem são os players que vão seguir o movimento do mercado quando isso não for mais uma vantagem?

Aqui na Wylinka trabalhamos com mudanças sistêmicas e de longo prazo, fortalecendo o ecossistema de inovação e aumentando a participação da ciência e da pesquisa no desenvolvimento do país. Nosso objetivo é apoiar o setor público e privado a criar um ecossistema frutífero na geração de deep techs como as de hidrogênio verde. Vem com a gente?

Quer saber mais?

  • Para saber mais sobre o atual estágio de barateamento dessa tecnologia ouça o episódio ‘A hora e a vez do hidrogênio verde’ do podcast Economia do Futuro: aqui
  • Para saber mais sobre como o hidrogênio verde é produzido clique aqui.

Referências

Autora: Tuany Alves (jornalista e analista de comunicação pela Wylinka)

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