As principais apostas da maior Feira de Tecnologia do Mundo para 2024

Estamos mais uma vez diante de uma edição da CES (Consumer Electronics Show), a maior feira de tecnologia do mundo. Como temos feito desde 2018 (veja o de 2022 e 2023), preparamos um resumo das novidades para aqueles que acompanham nosso trabalho aqui na Wylinka!

A CES é uma feira gigante (+200.000 metros quadrados, com +4300 expositores), na qual geralmente são apresentadas as apostas para o futuro de tecnologias diversas. É de lá que saem as notícias do tipo “LG apresenta sua nova TV transparente”, que a gente tanto vê nos portais de notícias. 

Como sempre falamos, essas apostas para o futuro podem ou não se traduzir, mas geralmente falam muito sobre a orientação estratégica das empresas em relação ao seu roadmap tecnológico. É uma super oportunidade de refletir sobre o que vem pela frente e imaginar o que teremos no nosso dia a dia dentro de um intervalo de 5 a 10 anos (geralmente o período em que as tecnologias da CES se materializam para o consumidor final em massa). 

Agora, sem mais enrolação, vamos às tendências!

O futuro das casas

Os principais pontos de atenção em uma CES geralmente são os eletrônicos residenciais, em especial as televisões. Não diferente, a queridinha do show foi uma TV da LG – a Signature Oled T, que chamou atenção por ser transparente e sem fios. Gostamos também do Samsung Music Frame, uma “caixinha bluetooth” de muita qualidade que se apresenta na forma de um quadro de decoração (semelhante à aposta da Samsung nas TVs The Frame de tornar os eletrônicos em peças de decoração mais agradáveis aos olhos). 

Para a turma gamer ou do home office, o pessoal da Razr trouxe um assento com feedbacks no corpo inteiro e o pessoal da Xeopod, com uma cabine de som que isola o barulho para quem está do lado de fora.

Falando em Samsung, não faltaram inovações para a cozinha apresentadas pela empresa coreana: máquina de lavar smart, forninho com câmera + AI, geladeira com visão computacional para acompanhar os ingredientes e gerenciar o consumo da família e muito mais. 

Para quem se lembra da Rosie dos ‘Jetsons’, tivemos a Samsung Ballie, um robô doméstico que acompanha o dono da casa ajudando em tarefas e até projetando imagens de maneira portátil. Na linha de robôs domésticos, a rival LG também apresentou a sua versão e falou sobre seus planos de uma “casa sem trabalho” no futuro. Tomara, né? E se você quiser uma versão para te assustar o dia inteiro, a Wehead apresentou um robô doméstico com uma cara assustadora e ChatGPT embutido.

Por fim, também tivemos propostas para as interfaces/telas do futuro, como os tablets da TCL, os NXT Paper, que se transformam em uma tela estilo Kindle para momentos de leitura, a tela 3D baseada em sistema de eyetracking da Samsung e o pessoal da Neural Lab, que promete transformar qualquer tela que tenha webcam em uma interface controlada por gestos. Isso mesmo, como Minority Report, Homem de Ferro e muitos outros filmes futuristas.

O futuro dos elétricos

Nesta CES2024 tivemos uma grande atenção para a parte de mecanismos de geração e armazenamento de eletricidade, especialmente em um contexto residencial. O pessoal da EcoFlow, por exemplo, ganhou um dos prêmios da feira pelo seu Delta Pro Ultra, um sistema de backup de energia domiciliar com capacidade que pode chegar até a um mês de energia para os equipamentos domésticos (e ainda conta com um sistema de captura de energia solar para aumentar esse potencial). 

Aqui no Brasil, por exemplo, as mudanças climáticas têm gerado tempestades e consequentes perdas de energia por dias (o que já acontece nos EUA devido aos eventos mais extremos, como furacões). O que torna a demanda por um backup desse cada vez mais comum.

Na linha de energia solar, empresas apresentaram suas apostas de captura em diversas escalas. Algumas, como a Ucraniana We Do Solar, que equipa sacadas de varandas com placas solares modulares que se plugam diretamente ao sistema de energia de sua casa, podendo gerar até 1/4 de redução de custo nas contas de energia. Na mesma linha de “balcony energy”, tivemos o Anker Solix SolarBank.

Em outra escala, a Ambient Photonics aposta em um futuro sem baterias, no qual a geração de energia dos equipamentos ocorre por células solares que conseguem gerar energia até em espaços de baixa luminosidade (low-light indoor solar cell technology). No evento, por exemplo, eles apresentaram um controle remoto alimentado puramente por uma cobertura composta pelas células solares (vide abaixo). 

E conectando as novas energias com mobilidade, tivemos o relativamente acessível “carro solar” da Squad, focado em mobilidade urbana e funcionando quase que como um “carrinho de golfe” mais poderoso para trafegar pelas cidades com 2 pessoas a 45km/h. Também tivemos alguns complementos para quem gosta de pegar estrada, como o mini-trailer do futuro da LG para carros elétricos, o grande trailer com placas solares da Pebble e a cabana com placas solares para caminhonetes da Jackery. 

Por fim, a Kia lançou uma série de carros/vans elétricos, modulares e super inteligentes. As frotas autônomas podem ser comandadas por centrais operacionais remotas, e a empresa inclusive anunciou uma parceria já fechada com a Uber para distribuição dos carros.

O futuro da saúde

Em todo ano de CES, nosso tópico favorito foi o de saúde. Este ano as aparições foram mais discretas, mas trazemos aqui umas novidades interessantes. 

Tivemos a sempre presente Whithings com o Beamo, um aparelho de check up domiciliar com uma série de funcionalidades (inclusive um estetoscópio) e a Movano com a crescente aposta em anéis inteligentes, uma nova fronteira para wearables. Tivemos também o pessoal da Dexcom com o Stelo, um monitor de glicose de baixo custo orientado a regiões menos favorecidas.

E a tecnologia que mais nos encantou nesse espaço de saúde foi o pequeno marcapasso de câmera dupla que não utiliza chumbo em sua composição. Palmas para o pessoal da Abbot!

A nossa aposta (e também das gigantes)? Hidrogênio verde!

Estamos tocando nesse assunto desde 2022: o futuro é nordestino e tecnológico, e ele vem com o Hidrogênio Verde. O hidrogênio verde é uma das grandes apostas no mundo inteiro para geração de energia limpa. 

No Brasil, além de termos bastante tecnologia, a infraestrutura que temos para Etanol pode ser utilizada como um grande vetor de transporte para o hidrogênio – a USP, por exemplo, está lançando a primeira estação de hidrogênio renovável do mundo com base nisso (e não sozinha, mas contando com a presença de gigantes como Shell, Raízen e Toyota). A Petrobrás, por exemplo, anunciou essa semana a assinatura de um Termo de Cooperação com o Instituto Senai de Energias Renováveis do Rio Grande do Norte (Senai-ER) para a construção de uma planta piloto de eletrólise.

O objetivo é avaliar a produção e utilização do hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água, com o uso de energia solar. A pesquisa utilizará as instalações da usina fotovoltaica de Alto Rodrigues, operada pela Petrobras no estado. Saiba mais aqui.

No caso da CES, a crença é que o hidrogênio é o futuro: tivemos a Bosch falando sobre sua grande aposta em hidrogênio verde e a Panasonic apresentando seu projeto de painéis solares de hidrogênio. Já a Hyundai trouxe seu plano de construir uma supply chain de hidrogênio para garantir a transição de sua linha de veículos para o uso de hidrogênio. 

Do lado das startups, tivemos a Nikola, com caminhões baseados em hidrogênio, e a Croft, com veículos e sistemas de abastecimento baseados no combustível.

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Autor: Artur Vilas Boas – Pesquisador na USP em empreendedorismo e inovação (Linkedin)