Filantropia

Wylinka promove debate sobre filantropia científica com lideranças do impacto social

03/novembro/2025

Conexão entre filantropos e empreendedores da ciência em São Paulo

Wylinka, ao lado do Instituto Phi e do Impacto Científico, aproximam filantropos e empreendedores da ciência em café da manhã em São Paulo.

Hoje, no Brasil, as doações filantrópicas giram em torno de R$20 bilhões por ano, mas esse investimento poderia alcançar até R$140 bilhões, segundo o relatório “O futuro da filantropia no Brasil”, publicado pelo Instituto Beja. Contribuindo para a construção desse cenário, a Wylinka promoveu, no dia 21 de outubro, um café da manhã na cafeteria Dengo, em São Paulo. O evento marcou um novo momento para a organização, que desde 2013 busca liberar o potencial das deep techs brasileiras, transformando ideias em soluções que mudam vidas e fortalecem o país por meio de investimentos, políticas públicas e filantropia. Agora, a Wylinka se aproxima ainda mais dos filantropos e atua como articuladora e agente de conexão para quem busca investir em inovação de base científica.

Encontros de impacto e novas parcerias

“Esse é um evento para celebrar a potência dos encontros de impacto, de pessoas que buscam empreender com propósito, promovendo outros encontros potentes como este, entre filantropos e empreendedores da ciência que aqui estão”, celebrou Ana Calçado, CEO e fundadora da Wylinka. A iniciativa foi liderada por Ana ao lado de outras empreendedoras sociais: Luiza Serpa, fundadora do Instituto Phi, que tem a missão de disponibilizar recursos de forma eficiente para iniciativas de transformação social, e Izadora Mattiello, fundadora da Phomenta e do Impacto Científico, um podcast e plataforma de conteúdo que conecta ciência e impacto social, mostrando como o conhecimento científico pode transformar a sociedade.

A parceria com Mattiello começou há algum tempo, quando as empreendedoras produziram juntas a série “Ciência e Filantropia” no podcast Impacto Científico, buscando apresentar, de forma acessível, como a filantropia pode transformar a ciência no Brasil, divulgando ideias práticas, histórias reais e caminhos para quem quer começar a apoiar.

Painel com lideranças da ciência e da filantropia

“Queremos fomentar cada vez mais as conexões entre filantropos e empreendedores da ciência, facilitar a ação conjunta entre quem busca gerar impactos reais e todos esses institutos presentes aqui hoje, que atuam de forma séria para transformar nosso país por meio da filantropia científica”, celebrou Izadora Mattiello durante a abertura do painel, que contou com a presença do Dr. Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira, que desde 2017 atua para valorizar o conhecimento científico no país, e do Dr. José Luiz Egydio Setúbal, fundador da Fundação José Luiz Setúbal, que vem atuando pela infância saudável no país por meio da assistência médica, pesquisa científica e filantropia. A conversa começou com uma pergunta provocadora: como a filantropia pode apoiar a ciência?

Investimento a longo prazo e fortalecimento da pesquisa

“Precisamos entender que é necessário resolver problemas sociais imediatos, mas também estarmos dispostos a investir a longo prazo. É o que fortalece o nosso país. E nessa sala tem pessoas que podem ajudar a criar e fortalecer essas iniciativas”, provocou Aguilaniu. Com exemplos de doações em pesquisas em áreas como matemática e meio ambiente pelo Serrapilheira, e na área médica pela Fundação José Luiz Setúbal, os convidados reforçaram a mensagem principal do evento: investir em pesquisa é transformar o país. “Não é preciso reinventar a roda. Se você busca dar os primeiros passos na filantropia, converse com quem já está fazendo, olhe para instituições como a Wylinka, o Serrapilheira, a Fundação José Luiz Setúbal, o Instituto Phi”, orientou Aguilaniu.

O papel das pesquisas ousadas

Outro ponto importante levantado por ele foi o grande potencial das pesquisas “ousadas”, aquelas que, em um primeiro momento, apresentam poucos resultados preliminares. Muitas vezes, reforçou, são justamente essas que não conseguem bolsas de incentivo, já que o sistema de fomento tende a favorecer trilhas mais seguras, as de menores riscos econômicos, nem sempre as de maior impacto.

“E nós precisamos assumir os riscos dessas pesquisas ousadas, já que o uso do dinheiro público não é pra ser arriscado. A filantropia deveria arriscar muito mais na educação — e a gente sabe que filantropos muitas vezes são mais conservadores na filantropia do que em suas empresas”, concordou o Dr. José Luiz Setúbal. “E aqui não se trata de algo como recurso público versus privado. A gente precisa de todos os investimentos possíveis na ciência”, finalizou.

Exemplos de impacto real da filantropia científica

Em sua fala, Setúbal compartilhou uma conquista importante: pesquisas financiadas pela Fundação resultaram no aumento do número de doenças investigadas pela triagem neonatal biológica, mais conhecida como “Teste do Pezinho”, agora são 50. O exemplo mostra como é possível promover impactos reais no dia a dia da população. Outra pesquisa interessante, patrocinada pelo Serrapilheira, investiga a quantidade de chuva proveniente de terras indígenas que cai em regiões agrícolas, com potencial para medir o impacto do desmatamento neste setor, um estudo que integra ecologia, economia e hidrologia.

A importância de investir na ciência brasileira

Como representante do Serrapilheira, fundado por João Moreira Salles e Branca Vianna, Aguilaniu reforçou a crença do instituto de que uma ciência forte é fundamental para o desenvolvimento do país. “Conhecimento gera impacto social, um ciclo que se retroalimenta. O investimento aqui no Brasil gera mais retorno do que no fundo patrimonial do MIT”, afirmou. E, sem desmerecer a filantropia internacional, Setúbal fez um convite direto: “É ótimo colocar dinheiro em Harvard ou em outras organizações, mas precisamos colocar na UFMG, na UFRJ, nas nossas universidades. Precisamos estudar e financiar o Brasil!”

O papel do GEMA na ampliação da filantropia científica

Complementando o debate sobre a filantropia no Brasil, Guilherme Ary Plonsky, professor da FEA-USP e membro do Grupo de Estudos sobre Filantropia para a Ciência (GEMA), também da USP, contou a missão do grupo: “O GEMA busca ‘favorecer novas ideias resultantes do convívio, do confronto e da colaboração entre as diferentes áreas do trabalho intelectual’. A iniciativa surgiu há três anos, a partir de uma ideia trazida por Marcos Kisil, e se consolidou com a parceria da Fundação José Luiz Setúbal. O GEMA também colabora com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e participa de um grupo no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para discutir a ampliação da ‘Lei do Bem’, visando incluir doações para a ciência. A ideia é criar redundância no financiamento, unindo recursos públicos e privados”.

A esse comentário, o próprio Marcos Kisil, também membro do GEMA e uma referência internacional em filantropia e investimento social privado, reforçou: “Carecemos de pessoas que entendam dos dois lados: da ciência e da iniciativa privada”.

Filantropia científica como caminho para o futuro do país

A manhã foi encerrada entre os 20 participantes com a certeza de que fortalecer a filantropia científica é abrir caminhos para o futuro do país, um futuro em que o conhecimento, a pesquisa e a filantropia caminham juntos, de forma cíclica, para gerar impactos reais. O evento promovido pela Wylinka mostrou que, quando ciência e filantropia se unem, conexões se fortalecem e novas soluções para as diferentes áreas se tornam possíveis.

Para quem deseja se inspirar e fazer parte desse movimento, o debate completo da série “Ciência e Filantropia” está disponível no podcast Impacto Científico e no canal da Wylinka no YouTube.

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