Um bilhão, uma explosão e uma mídia brasileira que ainda engatinha
Um bilhão, uma explosão e uma mídia brasileira que ainda engatinha
Breaking news: A SpaceX, empresa de exploração espacial fundada por Elon Musk (um dos fundadores do PayPal), acaba de levantar US$ 1 bilhão com Google e Fidelity (multinacional de serviços financeiros) — e isso logo após uma semana de holofotes para a empresa de Elon Musk devido à explosão do foguete Falcon 9 após um pouso frustrado.
E qual a postura da mídia brasileira em relação à empreitada da Space X? Divulgou durante a semana manchetes envolvendo o “fracasso” da SpaceX — afirmando que “o próprio presidente publicou o erro da empresa”, como se aquilo fosse algo pejorativo e ruim. Tal abordagem reflete o perfil da mídia brasileira em relação a empreendedorismo e inovação — quer divulgar casos bonitos, maquiar os números das empresas para parecerem maiores e contar seus “casos de sucesso” como se fossem uma história de um herói impecável.
Não, a jornada do empreendedor/inovador não é fácil, não é isenta de erros. Inclusive, a abordagem dos erros precisa mudar de tom, abrir mão do ar pejorativo e trazer à luz a compreensão do processo, como fez o presidente da empresa, Elon Musk, que twittou sobre o erro e ainda postou o vídeo da explosão em uma rede social, tratando como mais um passo da aprendizagem da SpaceX e torcendo para que a próxima explosão seja “por um motivo diferente”, segundo o mesmo. E essa postura que fez com que o PayPal conseguisse a atual geração de receita anual superando a casa dos 6 bilhões de dólares, bem como garantiu à SpaceX esse aporte de capital estratosférico.
Enquanto o erro em projetos forem vistos de maneira tão pejorativa — como um fracasso -, continuaremos ter uma cultura sem experimentação, sem inovação e sem grandes disrupções. O Brasil, e especialmente a mídia brasileira — que tanto influencia empreendedores e demais envolvidos -, precisa aprender com outros ecossistemas: nos EUA, o fracasso é uma “marca de guerra” que só torna o empreendedor mais experiente; em Israel, faz-se mais fácil conseguir acesso a capital quando se tem fracassos em outras startups no currículo. O erro ensina quem está aberto ao aprendizado, e faz parte da cultura de experimentação fundamental para empreendedores e grandes inovadores.
E que a nossa mídia aprenda a entender melhor as bases da inovação, pois todos um dia precisarão se reinventar. Como disse o ex-presidente de Israel, um dos principais responsáveis pelo crescimento do ecossistema de empreendedorismo do país, Shimon Peres: “o mais prudente a fazer é ousar”.