Saiba o que aconteceu com os projetos do programa SBQ Acelera 3 anos depois do seu encerramento
Acelerando o futuro: confira o que aprendemos com um programa de pré-aceleração de soluções de base tech!
Trilhar uma jornada empreendedora na ciência nem sempre é fácil, seja pelo velho tabu de que o conhecimento científico é algo sagrado que não deve ser ‘vendido’, seja pela falta de oportunidade ou o conhecimento delas. Contudo, esse caminho está sendo cada vez mais procurado pelos pesquisadores que enxergam no empreendedorismo uma forma de manter suas pesquisas e laboratórios em um cenário de constantes cortes orçamentários.
Porém, empreender a ciência não diz respeito apenas ao dinheiro, mas também ao próprio fazer científico. Este é um dos aprendizados que o programa de pré-aceleração de soluções de base tech, o SBQ Acelera, nos trouxe. O programa foi desenhado para dar visibilidade a todo o potencial de inovação das pesquisas na área de química e estimular cientistas, de todo o Brasil, a conectarem seu conhecimento às demandas do mercado.
Ao realizar uma pesquisa com os participantes – após três anos do seu encerramento – percebemos que esse movimento de conexão com o mercado e com a sociedade os tornou disseminadores da perspectiva de que o empreendedorismo também é uma forma de democratizar a ciência e o fazer científico e que ela pode estar presente desde o início de uma pesquisa científica.
A pesquisa de resultados foi realizada pela Analista de Projetos da Wylinka, Jéssica Carvalho. Ela possui ampla atuação em educação empreendedora, ministrando minicursos e palestras por todo o Brasil, e é bacharel em Química Tecnológica. Pegue um café e venha com a gente!
Uma jornada de empreendedorismo
A química está presente em toda a nossa vida: na comida, bebida, no ar, nos animais, nas casas e até mesmo em nossos corpos. Porém nem sempre isso salta aos olhos no nosso dia a dia.
Buscando aumentar esse fit entre demanda e ciência, surge o SBQ Acelera, um programa de pré-aceleração que contou com a participação de nove times de cientistas e pesquisadores de todo o Brasil filiados à Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Os grupos tiveram como objetivo transformar, em 11 semanas, suas pesquisas acadêmicas em um modelo de negócio.
Porém, diferente de outros programas de pré-aceleração, essa iniciativa foi desenhada com foco nos cientistas e pesquisadores. Assim, a jornada de inovação do SBQ Acelera trouxe para a equação da modelagem de negócios as particularidades da inovação de base científica.
O projeto foi realizado em parceria com o INCT Midas e buscou ir além da geração de negócios, apoiando a inserção da cultura de empreendedorismo e inovação na comunidade científica. Para isso, foram desenvolvidas atividades presenciais em São Paulo e Belo Horizonte, além de consultorias remotas, essenciais para o apoio na jornada empreendedora.
Os times apoiados também se conectaram com as indústrias patrocinadoras e outros atores do setor químico e de investimentos. A visibilidade foi tão boa, que o time vencedor conseguiu fechar uma parceria de co-desenvolvimento com uma indústria de cosméticos em menos de 12 meses após o fim do programa.
Saiba mais sobre a metodologia do programa aqui!
Qual o impacto de um programa de pré-aceleração?
Mas como essas equipes estão hoje após três anos de encerramento do programa? O que de legado um programa de pré-aceleração, focado em cientistas e pesquisadores, pode deixar? Onde podemos trabalhar mais? Tentando responder essas e outras perguntas a Analista de Projetos da Wylinka, Jéssica Carvalho conversou com representantes dos times e o que ela descobriu foi fantástico.
Por exemplo, há o entendimento entre os participantes de que de fato houve uma mudança do quanto eles sabiam sobre empreender e inovar desde quando eles começaram no SBQ Acelera, para quando finalizaram o projeto:
Outro dado interessante é sobre a percepção dos participantes de como o seu conhecimento sobre o tema mudou. Assim como eles não se sentiam preparados para empreender, também não sentiam que conheciam o tema. O que mudou com a participação no programa:
Claro que entendemos que de lá para cá, esses participantes tiveram novas experiências, por exemplo, muitos deles participaram de outros programas de aceleração – inclusive programas da Wylinka como Catalisa, Acelerando Cientista e Atômica. Contudo, também entendemos que o SBQ Acelera foi uma porta de entrada para o mundo da inovação para esses pesquisadores.
Já as principais dificuldades que eles tiveram foram principalmente externas, como a pandemia e a falta de investimento. Porém, devido a densidade e quantidade do conteúdo, assimilar as informações também foi um desafio a ser alcançado no programa.
Sob um novo sol: Como o programa mudou a percepção dos participantes?
Pivotar, validar, MVP… Essas palavras são comuns no cotidiano de um empreendedor, mas, provavelmente, não estariam no dicionário de pesquisadores e cientistas. Isso mudou radicalmente para os participantes do SBQ Acelera, que aprenderam não apenas a importância do que essas palavras dizem, mas como aplicá-las no seu dia a dia.
“O programa mudou a nossa forma de pensar em aplicações e produtos, tivemos uma mudança de linguagem também, pois não entendíamos muito bem o que era um MVP e validação. Hoje, dificilmente, pensamos em um projeto que não tenha inovação”, destaca Érika Alvarenga integrante do grupo que ficou em primeiro lugar no programa.
Leonardo Fraceto é um dos pesquisadores que participaram do SBQ Acelera. Dentre os 10 projetos selecionados, o nanobiopesticida ficou em segundo lugar e atualmente aguarda a publicação da carta patente.
Fraceto e o seu time também tem buscado parcerias para que o nanobiopesticida possa ser produzido em larga escala. Usada em aplicações agrícolas sustentáveis, a ideia é que a solução agregue valor à indústria de insumos melhorando o manejo de pragas e doenças, tornando a agricultura mais competitiva e gerando riquezas. O trabalho é tão bacana que a equipe ficou em terceiro lugar, da categoria ‘Agricultura’, no Prêmio ‘Mentes da Inovação’ da empresa Bayer.
Já o projeto liderado por Raquel Costa, o CuraCicatri, desenvolveu um biogel de colágeno para processos de cicatrização com nanopartículas de ouro, que permite o reparo da pele sem perda estética e melhora funcional, podendo já ser aplicado em feridas abertas e reduzindo o tempo de tratamento. A tecnologia foi um sucesso e o grupo fechou uma parceria de co-desenvolvimento com uma indústria de cosméticos em menos de 12 meses após o programa.
Porém, o legado do SBQ Acelera no grupo não parou por aí. Segundo Raquel, ela nunca havia participado de um evento de aceleração de startups, e não imaginava como seria. “Entrei com a convicção de que não seria no final uma startup, mas hoje estou certa de que não vou mais fazer pesquisa só para publicar artigos e depositar patentes.”
Tudo isso nos faz acreditar que o programa permitiu que esses pesquisadores abrissem os olhos para um novo fazer científico, impactando não apenas na construção de soluções e parcerias aceleradas durante o programa, mas em seus novos projetos. “O que mais aprendemos foi negociar! Escrita e depósito da patente, possibilidade de transferência de tecnologia, realmente passamos a enxergar novas possibilidades de produtos, novas linhas de pesquisa e proposta de tratamentos”, conta a Raquel Costa.
Outro legado do programa diz respeito às conexões! Os ganhos vão desde aprender a conversar e se apresentar às empresas até a construção de parcerias. Para se ter uma ideia, ao todo, os participantes interagiram com mais de 15 empresas após o programa.
Pode-se dizer que o SBQ Acelera foi uma porta de entrada para esses pesquisadores no mundo do empreendedorismo, mostrando coisas que já estavam lá, mas que hoje eles têm conhecimento para se apropriar e usar ao seu favor. Então, um programa de pré-aceleração de soluções tecnológicas muda o mundo? Não, mas ele dá ferramentas para que cientistas e pesquisadores mudem.
Insights do programa
E o que nós aprendemos com isso?
- Confirmamos, mais uma vez, que pesquisadores e empresas querem se conectar, porém é preciso desenvolver habilidades para que todos falem a mesma língua.
- Também identificamos a necessidade do pilar ciência andar juntamente com o desenvolvimento do pilar mercado.
- Acreditamos que o objetivo de capacitações empreendedoras para pesquisadores vai muito além da criação de uma startup, é mudar o modo como vêem e fazem ciência, cada vez mais alinhada às necessidades da sociedade.
- E que os programas de pré-aceleração são só o início dessa jornada. Precisamos sempre movimentar o ecossistema fornecendo oportunidades personalizadas para que a ponte entre ciência, mercado e sociedade se solidifique.
Quer saber mais sobre o SBQ Acelera? Confira a apresentação com os principais resultados da pesquisa aqui!
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Autora: Tuany Alves (jornalista e analista de comunicação pela Wylinka)