Comportamento Empreendedor

Por que devemos promover e nos envolver em eventos de imersão em empreendedorismo

26/maio/2019

Por que devemos promover e nos envolver em eventos de imersão em empreendedorismo

O impacto inicial do empreendedorismo na vida de uma pessoa pode ser marcada por vários acontecimentos. Falamos aqui há um tempo atrás sobre as fases da jornada empreendedora e os melhores livros para cada uma delas. Esse post foi uma reflexão que fizemos após a conclusão da segunda edição do projeto WyExperience, uma incrível imersão em empreendedorismo para universitários. Além dos livros e conteúdos que auxiliam essa caminhada empreendedora, acreditamos que há um fator é essencial para despertar o espírito empreendedor que habita dentro de nós: botar a mão na massa!

Photo by Hello I’m Nik on Unsplash

Assim como o WYXP que foi uma imersão bem mão na massa para jovens de todo o Brasil, nesse texto vamos discutir sobre outro tipo ambiente que converte pessoas boas para o lado bom da força: os eventos de imersão em empreendedorismo. Quando falamos de eventos de empreendedorismo é fácil lembrar de palestras, meetups e infinitas iniciativas que acontecem a perder de vista, em todos os lugares, a todo o tempo. Mas como podemos diferenciar tudo isso que acontece por ai para o que realmente é, de fato, um evento de imersão capaz de transformar pessoas?

Para tirar todas as conclusões que estão por vir, o jovem de cabelos brancos que aqui vos fala já foi participante, organizador, mentor, facilitador e jurado de alguns bons eventos por ai. Em todas esses casos, tentei analisar as experiências com um olhar que sempre pregamos quando falamos de inovação… o olhar empático, centrado nas pessoas.

Os eventos que realmente trazem uma experiência transformadora para os participantes são aqueles capazes de criar um ambiente em que as pessoas são empoderadas para serem protagonistas da sua experiência. Nesse tipo de imersão, cada participante cria, desenvolve e se torna parte de um projeto em todas as etapas. Isso só é possível se todo o ambiente em volta fornecer o suporte necessário, desde a infraestrutura e conteúdo, até todas as boas pessoas envolvidas como mentores, facilitadores e organizadores.

Exemplos de eventos como esses são eventos maker, hackathons e Startup Weekends, por exemplo. Ao contrário do que parece ser, esses eventos não possuem como objetivo principal a criação de novos negócios ou a obtenção de soluções de problemas por completo. Essas iniciativas usam de metodologias de criação de startups e resolução de problemas para trazer uma experiência empreendedora para as pessoas durante esse período de tempo. É aquela fagulha inicial que irá fazer com que esse participante se torne um intraempreendedor e, quem sabe, continue o seu projeto, desenvolva sua solução ou crie sua startup.

Alguns textos podem ajudar a entender melhor as dúvidas sobre esses eventos e até mesmo como é possível organizá-los:

Startup Weekend Journey, por Luiz Gomes

Dúvidas sobre hackathons, por Rafael Pelli

Como organizar um evento maker, por Gabriela Sant’Anna

Como organizar um hackathon, por Eloízio Neves

Mas então, por que (e como) devemos promover e nos envolver nesses eventos?

Se você já está inserido no ecossistema de empreendedorismo hoje, tendo participado de algum evento desse tipo, ou não, possívelmente você foi influenciado e impactado por alguma ação e pode ajudar muito se envolvendo. Se você ainda não está tão por dentro desse mundo do empreendedorismo e ainda não participou desses eventos, seja por desconhecimento ou por falta de oportunidade, tenho um aviso importante: SPOILERS! Mas são spoilers do bem que irão te mostrar alguns motivos pra você procurar agora o que está acontecendo por perto e participar logo.

#1 Fazer parte de um time.

Em muitos desses eventos, logo no primeiro dia, os participantes começam a formar times com pessoas desconhecidas e de áreas de conhecimento bem diferentes. Isso se dá por um excelente motivo: multidisciplinariedade. Esse momento é pra juntar pessoas que têm alguma ideia de negócio com quem não tem nenhuma ideia de nada, com quem entende de design, com o cara da programação e com quem quiser fazer acontecer. A experiência de trabalhar em conjunto com toda essa diversidade de pessoas é um aprendizado que não se encontra fácil por ai.

Mas a formação de times não se limita somente aos participantes. Você não precisa ser um mestre jedi pra transmitir ensinamentos. Os times de mentores e organizadores são equipes que também se formam pela multidisciplinariedade para fazer com que tudo isso aconteca. E quer coisa melhor do que contribuir para o crescimento de outras pessoas? Vai por mim, a sensação de fazer a diferença no final de tudo é incrível!

#2 Imersão no seu projeto.

Lembra de quando você faltou de aula e depois te colocaram em um grupo de trabalho da escola que você colocou seu nome lá mas no final das contas você nem fez tanta coisa assim (quem nunca, né!?). Mas com certeza você lembra também de algum projeto, trabalho, ou até mesmo um móvel que você pegou pra montar e teve orgulho de dizer: “Eu que fiz!”. Então, no final desses eventos todo o time envolvido foi responsável por tudo o que foi criado. Se vai dar certo ou não, tudo o que foi construído pertence às pessoas. Quando me refiro ao que foi construído não falo apenas sobre o projeto em si. Todo o aprendizado construído irá seguir com cada um fora dalí.

“Ah, mas será que todos os participantes conseguem mesmo esse aprendizado fora do comum?” Claro que as experiências são individuais e o resultado do que acontece é diferente para cada pessoa. Mas lembra que eu disse que o ambiente é responsável por fornecer o suporte necessário para que tudo ocorra bem? Pois bem, nesse caso as pessoas envolvidas como mentores, organizadores e facilitadores estão ali pra garantir que cada participante tenha a melhor experiência possível. Esse é o projeto de cada time de suporte que você pode se envolver também.

#3 Aprender e desenvolver diferentes skills.

Assim como na vida de todo empreendedor, o que acontece geralmente em um fim de semana ou em alguns dias retrata exatamente a vida de altos e baixos de quem está construindo um negócio. As fases que os projetos percorrem no evento são bem definidas e estruturadas para que ocorra validações durante a construção do negócio. Durante as validações, os participantes entram em contato com possíveis clientes e usuários do produto, de preferência, pessoalmente. Especificamente nessa hora, é comum que aconteça momentos de felicidade extrema pelo sucesso da solução e de tristeza pelo choque de realidade com o mercado. Tudo isso é processado em conjunto pela equipe e aí que são desenvolvidas habilidades e competências de liderança, resiliência, visão sistêmica, comunicação, negociação, foco e mais um monte de skills.

O que as pessoas que promovem essa experiência fazem nessa hora? Aprendem também! Cada reação de um participante é única e inesperada. Por mais experiente que seja um organizador, mentor ou facilitador ele será surpreendido e irá aprender com as situações vividas pelos participantes para poder contribuir.

#4 Competição saudável, energia, e conexões.

No fim das contas, os projetos fazem parte de uma competição que tem premiações envolvidas. Nas apresentações finais os participantes estão tão envolvidos no ambiente imerso que o foco principal é conseguir deixar o nervosismo de lado para transmitir tudo o que foi feito. Claro, todo mundo quer ganhar e as premiações são muito importantes. Elas são ótimos incentivos para a continuidade dos projetos. Mas por mais competitiva que qualquer pessoa seja, isso realmente é o que menos importa. O aprendizado construído e as conexões geradas são legados que perpetuam muito mais que os prêmios.

A sensação no fim é de nostalgia pelos momentos de trabalho duro e de diversão também. A experiência nesses eventos é intensa e pode desgastar a energia dos participates. Por isso, os facilitadores em conjunto com todos os envolvidos no “backstage” do evento tem o importante e divertido papel de manter a energia da galera lá em cima, facilitando as conexões e o aprendizado.

Todos esses motivos são pontos super positivos para a construção de uma jornada empreendedora. Nós acreditamos de verdade que essa jornada pode ser um caminho de transformação de pessoas, ideias e soluções para a nossa sociedade no futuro. Mas da mesma forma que escrevemos um outro texto que diz que “programas de startups por si só não salvam um ecossistema/organização, vale a pena refletir que eventos por si só também não garantem uma jornada. Devemos nos envolver em eventos de imersão em empreendedorismo para que nós mesmos possamos dar continuidade à essas ações e criar um caminho em conjunto cada vez melhor.

Autor: Helaindo Júnior, Analista de Inovação na Wylinka

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