Comportamento Empreendedor

O jeito Google de planejar seu 2024

21/dezembro/2023

Planejar o ano novo é sempre a mesma coisa: super empolgação que gera mil metas, mas metas estas que vamos abandonando ao longo do ano. Quem nunca?

Esse é um tema que encanta muito a gente por aqui na Wylinka – especialmente porque, ao acompanhar centenas de empreendedores nestes últimos 10 anos, já mapeamos uma série de boas práticas ligadas à produtividade pessoal. Inclusive, clicando aqui, você encontra toda nossa lista de textos sobre o assunto. 

Mas o texto de hoje é sobre especificamente como fazer um planejamento anual, especialmente em um formato que evite esse abandono do planejamento ao longo do ano. Vamos nessa?

Por que planos falham e o jeito Google de evitar isso

Existem duas causas comuns para falhas em planejamentos: a primeira é um mau desenho do sistema de metas (ex: visões vagas demais, como “crescer profissionalmente”, sem nenhum direcionamento concreto – dica: tenha sempre metas quantificadas), enquanto a segunda, que será o foco deste texto, é o distanciamento da nossa vida frente ao plano original. É a famosa frase do filósofo Mike Tyson: “Todo mundo tem um plano até tomar o primeiro soco na cara”.

Projetos mudam ao longo do ano, novas prioridades surgem, imprevistos acontecem e aquele planejamento original vai perdendo sentido – mas como já está definido, vamos abandonando-o pouco a pouco. E tal como acontece na nossa vida pessoal, também acontece nas empresas: planejamentos rígidos raramente duram o ano inteiro, especialmente em um contexto de tanta mudança acelerada como o que vivemos. 

É aí que as escolas de gestão ágil e similares entram em ação.

Para evitar essa rigidez, criam-se modelos mais flexíveis que conseguem se ajustar de maneira responsiva ao ambiente. Desta forma, tem-se uma fundação firme com direcionadores para o ano, porém, as mudanças ao longo do ano fazem um revisitar nas metas que permite a responsividade do sistema. Como destaca a Google sobre seu formato de planejamento, “o plano é fluido, a fundação é estável”:

Fonte: livro “How Google Works”

Desta forma, são definidas as fundações principais (para onde crescer, quais as principais aspirações, valores etc.), e a partir da fundação, desenha-se um plano que pode ser moldado ao longo do ano. Mas e como fazemos isso no contexto pessoal? Vamos à resposta!

Planejando o 2024 à moda Google

Este é um formato que funciona há anos para pessoas próximas da Wylinka, e o fato de funcionar tão bem para essas pessoas foi o que motivou a escrita desse texto. Afinal, quem é que consegue sustentar planejamentos anuais de forma tão consistente assim por tantos anos? Se existe essa mágica, vamos compartilhar! 

Explicaremos um passo a passo bem simples para que você consiga colocar em prática já neste Réveillon.

Passo 1: definir a fundação das suas ambições para o ano de 2024. Alguns exercícios, como o Year Compass, podem ser super legais para esse momento. Do Year Compass, gostamos das reflexões:

  • Defina o seu 2023 em três palavras; escreva as três palavras que gostaria para o seu 2024.
  • O que gostaria para o meu 2024 nas seguintes frentes: vida pessoal e família; amigos e comunidade; carreira; autocuidado e hobbies; saúde e bem estar; fé e espiritualidade.
  • Os trios de 2024: três coisas que quero admirar em mim; três coisas que preciso deixar para trás; três coisas que quero conquistar; três pessoas que serão meu pilar no ano; três coisas que quero descobrir; três coisas que preciso aprender a dizer não.

Passo 2: definir metas concretas para o ano. Lembrando, metas precisam ser SMART – específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e com marcos temporais claros. Além disso, não faça tantas metas, pois é o melhor caminho para se perder e desvirtuar. Algo como 3 a 4 grandes metas que se traduzem em 2 ou 3 metas específicas cada já é suficiente (ao todo, seriam entre 6 a 12 metas específicas). 

Uma outra dica da Google: tudo bem se você não bater as metas, inclusive é um bom sinal. Atingir algo como 70% de uma meta significa que você colocou uma barra alta o suficiente para te puxar (se fosse 100%, pode significar que você poderia ter ido além, mas parou quando bateu a meta). Para a turma da Google, 70% é o novo 100%.

Passo 3: desdobramentos periódicos. Atenção, aqui está a beleza do modelo: a partir da meta anual, você irá definir a meta trimestral (Janeiro a Março); e, a partir da meta trimestral, a meta do mês; a partir da meta do mês, você consegue fazer uma meta semanal – e, assim, toda semana estará sempre costurada à ambição anual desenhada no seu planejamento. 

Além disso, de acordo com o resultado da semana, do mês ou do trimestre, você pode redesenhar as metas e reorganizar para o mês seguinte, permitindo bem mais flexibilidade ao longo do ano. Com essa revisão periódica, as metas não se perdem ao longo do ano, pois a rota é recalculada a partir dos desenvolvimentos contínuos, mas ainda respeitando as ambições definidas para o ano. 

Assim sendo, o mais importante é a revisão periódica tanto no top-down (metas da semana que consideram as metas mensais, por exemplo) quanto no bottom-up (ajustes nas metas maiores a partir das mudanças que vão ocorrendo nas metas menores).

E aí, vamos colocar em prática?

Esperamos que tenham gostado do modelo! Lembrando que ele pode ser aplicado tanto no contexto pessoal, como detalhamos aqui, quanto no contexto profissional – como no acompanhamento do progresso de validação da sua tecnologia, por exemplo. 

Recomendamos ter algum sistema de gestão digital (como um Notion ou uma planilha de excel mesmo) e uma rotina semanal para definição das metas semanais com base nas mensais (bem como uma rotina mensal com base nas trimestrais e uma trimestral com base nas anuais).  Repetimos: conhecemos pessoas que usam esse sistema por anos, e essa é uma super evidência de que o modelo tem boa consistência. E desejamos a todos e todas um bom período de festas! 

Que em 2024 a Wylinka possa fazer cada vez mais parte da sua organização, instituição ou ecossistema. Because when you rock, #wyrock!

Autor: Artur Vilas Boas – Pesquisador na USP em empreendedorismo e inovação (Linkedin)

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