Empreendedorismo na Universidade

O futuro das universidades empreendedoras e do desenvolvimento regional

01/maio/2018

O futuro das universidades empreendedoras e do desenvolvimento regional

Nesse 2018, nós, da Wylinka, comemoramos 5 anos de existência e diversos projetos de impacto envolvendo empreendedorismo nas universidades e desenvolvimento regional no Brasil. Nessa comemoração, produzimos um relatório das nossas atividades e fomos provocados a pensar sobre os próximos anos. A pergunta central foi: legal, já fizemos muito e, com os nossos projetos, nos estabelecemos como grande influência nos ecossistemas de inovação do Brasil — e como serão os próximos anos?

A resposta partiu de dois grandes pilares de missão: universidades empreendedoras e desenvolvimento regional. Olhando para trás, esses foram os elementos centrais da maioria dos nossos projetos. Só em 2017, por exemplo, trabalhamos com 28 tecnologias surgidas da pesquisa em universidades, atuando com 15 NITs, 46 ICTs e 20 incubadoras — foi muita ciência se transformando em impacto! No desenvolvimento regional, pudemos suportar 552 negócios em diversos Estados brasileiros, como MG, SP, RJ, CE e outros. Dado esse impacto, sabíamos que teríamos que ser ousados no olhar para o futuro. Tínhamos que responder algo mais importante ainda, algo que envolvia o contexto brasileiro: como serão as mudanças para o Brasil nos próximos anos nesses dois pilares? Quais mudanças queremos oferecer para o país?

E agora te contaremos um pouquinho dos resultados desse exercício 🙂

Photo by Peter Kasprzyk on Unsplash

Universidades empreendedoras: uma nova realidade no Brasil.

Se tem algo que nos move, esse algo é o sonho de fazer o conhecimento das instituições de ciência transformarem seu conhecimento em inovação, em impacto real na sociedade. Nossa vivência nos ajudou a entender como esses ambientes se comportam, o que funciona, o que não funciona e muito mais. A nossa crença vem dos muitos estudos e modelos internacionais que trazem uma premissa muito forte: a universidade e o mercado possuem lógicas institucionais e linguagens muito distintas — e só conectá-los não é suficiente. Sobre as universidades, há uma nova realidade surgindo devido a alguns fenômenos importantes, dois principais apresentamos abaixo.

  • Um gap entre doutores e pós-doutores formados x vagas abertas para professores: hoje, os doutores e pós-docs que estão sendo formados no Brasil não conseguem ser absorvidos pelas universidades e suas vagas, que só reduzem. Como resposta, novos programas de empreendedorismo para geração de empresas de base tecnológica capazes de absorver mão de obra será uma grande saída (foi o que o MIT enxergou há anos). Além disso, o desenvolvimento de áreas de P&D com melhores relações universidade-empresa será fundamental.
  • A redução de verbas para pesquisa em escala nacional: com as contas apertando, as universidades deverão repensar seus modelos de captação financeira. Infelizmente a relação universidade-empresa ainda é muito demonizada, mas já temos visto boas práticas legais no Brasil (colocaremos os posts no fim desse artigo). A crise, nesse sentido, será catalisador de oportunidade — e entendemos que o desenho de bons mecanismos será importante para essa reinvenção das universidades brasileiras.

O desafio é claro, mas o que enxergarmos como respostas para os mesmos?

Entendendo que teríamos que ir além do que geralmente se pensa no Brasil, fomos muito além. Fizemos pesquisas, membros nossos foram pra fora do país e tentamos mergulhar em alguns modelos (que inclusive já falamos aqui pelo blog). Disso, três grandes vertentes são fortes para a gente:

  1. Proof of Concept Centers: esse modelo, que tem se tornado comum nos Estados Unidos, utiliza suporte financeiro de maneira gradativa para estimular o amadurecimento de pesquisas científicas direcionadas à inovação. O segredo é saber operacionalizar uma proposta baseada em metas e um processo claro de amadurecimento desse tipo de empresa. Na Wylinka já estamos observando alguns modelos e achamos que essa será uma tendência de atividade super importante para ambientes de pesquisa.
  2. Translational Programs: entendendo que as linguagens são diferentes, a necessidade de se construir mecanismos de tradução se mostra fundamental na relação universidade e empresa. Nesse sentido, temos desenhado algumas plataformas de comunicação orientadas a empreendedorismo que sentimos ser super interessantes para grandes empresas desenharem um acoplamento saudável com a pesquisa científica.
  3. Plataformas NIT-Incubadoras: por atuarmos muito com NIT’s e incubadoras, entendemos a necessidade de redesenhos de modelos e absorção das novas práticas para a otimização em ambientes de inovação das universidades. Acreditamos que um modelo de pré-aceleração que auxilie tecnologias de NITs a amadurecerem, conectado a um programa de incubação em incubadoras da mesma instituição vai se tornar uma prática comum. Alerta: é preciso ter experiência nesse tipo de modelo, não dá para somente desenhar um plano de aceleração e se posicionar como aceleradora, profundidade aqui é essencial.

Desenvolvimento regional: muito impacto esperando para ser alavancado.

Um grande desafio do Brasil é que, devido à extensão regional, existem muitas realidades diferentes espalhadas por aí. O problema é que quem está falando sobre ecossistemas e realizando projetos muitas vezes se baseia em modelos americanos ou ferramentas que não funcionam em contextos mais isolados. Além desse fator, existe uma necessidade de reinvenção setorial: setores, como o varejista, com o qual trabalhamos desde 2016, precisam se reinventar, e entendemos que a aproximação de novas tecnologias a essa realidade pode ser transformador. No exemplo do varejo, desenvolvemos, junto à Câmara de Dirigentes Lojistas de BH, um programa de aproximação de startups centrado em modernização. Não era somente o modelo clássico de aceleração de startups (muitos programas conseguem fazer isso bem), mas sim as startups apoiando os varejistas, os capacitando com conhecimentos de tecnologia enquanto colhiam feedbacks e se aproximavam de seus clientes.

Isso pra gente é desenvolvimento regional, e é isso que queremos continuar fazendo. Para o desenvolvimento regional, deste modo, enxergamos 3 horizontes importantes que precisam ser observados por agentes de ecossistemas: (i) ajudar tecnologias a serem absorvidas de modo a modernizar setores importantes locais; (ii) desenvolver programas de aceleração de startups centrados em arranjos institucionais para construção de ecossistemas, conectando e criando atmosferas vibrantes nas regiões; (iii) desenvolver ferramental para análise da maturidade de ambientes de inovação, bem como arcabouços de estratégias para melhorá-los.

Respostas para a necessidade de reinvenção regional do Brasil?

Das respostas que temos desenhado, três têm sido tratadas como prioridade na Wylinka:

  1. Inovação aberta a partir da vocação tecnológica regional: compreensão da vocação tecnológica de clusters regionais para o desenho de programas que envolvem a aproximação de tecnologias com o mercado. Entendemos que muito mais que desenhar programas de startups para grandes empresas, é importante entender a vocação tecnológica das regiões e utilizar o potencial das universidades nesse processo de transformação junto às empresas — e programas como esse já estão saindo do forno da Wylinka 🙂
  2. Mapeamento de ecossistemas para desenvolvimento de regiões emergentes: a maioria dos frameworks utilizados atualmente não servem para regiões menos desenvolvidas e mais isoladas geograficamente de grandes centros. As políticas públicas, deste modo, precisam ser repensadas e é preciso desenvolver novos frameworks. É pensando nisso que organizamos uma coletânea gigante de materiais sobre como mapear e analisar esse tipo de região e estamos ansiosos para começar a implementar pelo Brasil inteiro!
  3. Modernização de setores por meio das startups: a pauta da transformação digital tem crescido, mas a atenção está toda nas grandes empresas. E como pequenas empresas podem ser transformadas de maneira coletiva? Setores inteiros podem se modernizar pela aproximação das startups, como já estamos fazendo com o varejo de Belo Horizonte. Precisamos de mais programas que alavanquem a absorção tecnológica e modernize negócios ultrapassados no Brasil.

Nosso futuro é este. Vem com a gente?

Nós sabemos que muita coisa interessante vai surgir no futuro, e está sendo incrível ver esse futuro já sendo experimentado em alguns espaços do Brasil. E já que a máxima diz que “a melhor maneira de prever o futuro é construí-lo”, deixamos o nosso convite: topa construir esse futuro com a gente? Manda um email pra gente (contato@wylinka.org.br) e vem nos visitar no nosso novo escritório para pensamos sobre como desenhar esse futuro juntos!

Because when you rock, #wyrock =)

Links que podem ser interessantes para os interessados:

Já escrevemos muito sobre tudo isso que estamos construindo, portanto recomendamos que você clique nos seguintes links para conhecer os modelos:

Translational Programs: Universidades, a inovação mora na tradução.

Políticas públicas para empreendedorismo? A visão de professores de Harvard e USP.

3 práticas internacionais para inspirar os Núcleos de Inovação Tecnológica do Brasil.

Proof of Concept Centers: um novo mecanismo para o empreendedorismo nas universidades?

Como Campinas tem ensinado a construir uma região empreendedora no Brasil

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