Deep Techs e Startups

Futuro: quando a agricultura e biologia encontram a tecnologia!

20/setembro/2016

Futuro: quando a agricultura e biologia encontram a tecnologia!

Nas últimas semanas, uma negociação tem chamado bastante atenção no mercado: a negociação da aquisição da Monsanto pela Bayer na casa dos 60 bilhões de dólares. A Monsanto, gigante em agricultura e biotecnologia, havia recentemente apresentado seus planos de se tornar “a Amazon da agricultura”, além de outros grandes nomes se envolvendo, como Google (fundo Farm 2050) e Kleiner Perkins (fundo KPCB). Não somente os esforços das gigantes (que muitas vezes são vistos como perigosos por conta das diversas denúncias ligadas à falta de responsabilidade ambiental), há muita tecnologia surgindo no mundo — e inclusive no Brasil — que virá transformar a maneira como a agricultura é feita. São soluções que pensam em ganhos de eficiência, em maior aproveitamento das colheitas, em minimização de impactos ambientais e, inclusive, em melhores condições de trabalho (como robôs que auxiliam em colheitas, trazendo segurança e ergonomia, por exemplo). Em paralelo, a Biotecnologia tem avançado desenvolvendo medicamentos, melhores práticas de cultivo, avanços em tratamentos e soluções ambientais.

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O cenário internacional

O uso de tecnologias para agricultura começou a crescer recentemente a partir do momento em que a ciência da computação desenvolveu melhores tecnologias para captura e análise de dados e, com ela, diversas tecnologias complementares vieram com os avanços na mecatrônica (robôs, drones, sensores, inteligência artificial, softwares e outros). Em paralelo, começaram os avanços em engenharia de alimentos, biotecnologia, agronomia, zootecnia e outros. Os horizontes começaram a ser melhor estressados quando pesquisadores dessas áreas passaram a atuar de maneira mais alinhada e viabilizando melhores modelos de negócios que permitissem a transferência dessas tecnologias para o mercado (nós, da Wylinka, somos especialmente apaixonados por essa parte — como vocês já devem ter notado). Uma boa leitura para isso é esse completíssimo report da Economist sobre o futuro da agricultura.

Um mapeamento interessante sobre esses avanços, especialmente nesses campos ligados à robótica e ciência da computação, foi o mapeamento da CB Insights sobre as principais startups atuando nos pontos: gerenciamento de fazendas; agricultura de precisão e análise preditiva; drones e robôs; irrigação inteligente; marketplaces (plataformas que conectam agricultores com prestadores de serviço/tecnologia); fazendas modernas; sensores. Com o mapa criado por eles, dá para perceber o tanto de novidades que estão surgindo. Há também avanços notáveis no cenário de investimentos em agritech, como mostra essa matéria da Forbes — “How Sustainable Is The Agritech Venture Ecosystem?”. E o nosso trabalho com NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica, que atuam fundamentalmente com transferência de tecnologia de ambientes de pesquisa, como universidades e grandes centros de pesquisa) mostra pra gente que essa é só a pontinha do iceberg, há muita coisa interessante no campo de biotecnologia, engenharia de alimentos e outros!

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Um país que vive na fronteira da biotecnologia, genética aplicada a alimentos e engenharia para agricultura é Israel. Encontramos no Israel21c algumas ótimas empresas de tecnologia para agricultura que monstram um futuro promissor!

E o Brasil, como fica?

O Brasil é um terreno muito fértil para novas tecnologias que podem vir a melhorar a agricultura. Quanto mais os agricultores estiverem abertos a testar novas soluções, melhor será para nossa economia (por exemplo, abrindo espaço para experimentar uma nova tecnologia em um espaço reduzido controlado, assumindo o risco de ser o primeiro a adotar, mas podendo se beneficiar com os grandes resultados da tecnologia funcionando). Temos diversas startups desenvolvendo coisas incríveis para o setor, tais como: AgVali (marketplace para produtos e serviços agrícolas), MVISIA (inteligência artificial e mecatrônica para seleção de mudas), Agrosmart (monitoramento de cultivo e irrigação), Agropixel (inteligência geoespacial), Fine Instrument Technology (ressonância magnética para análise de alimentos, combustíveis e outros), Grão Direto (marketplace para produtores e compradores de grãos), Ieetech (com fundadores brasileiros e uruguaios, possuem tecnologias para controle de fazendas), Tbit (análise de imagens para agronegócio), Clonar (resistência a doenças florestais) e muitas outras. Além das startups, o Brasil conta com algumas comunidades interessantes, como o AgTec Valley em Piracicaba, o AgriHub no Mato Grosso e o Comitê de AgTech da Associação Brasileira de Startups.

Além das startups ligadas à engenharia e computação, há muita tecnologia nos NITs nascendo, e o alinhamento das grandes empresas com os centros de pesquisa pode ser muito frutífero para gerar mais impacto com a transferência de tecnologias. A nossa Amazônia, por exemplo, quando bem aproveitada e preservada, pode gerar grandes avanços — como aponta a matéria “‘Vale do Silício Amazônico’ pode manter floresta em pé, diz estudo” da Folha de São Paulo:

“A proposta parte de cientistas: os 6,7 milhões de km2 de floresta –sete vezes o tamanho da Alemanha–, escondem matérias-primas que devem impulsionar a quarta revolução industrial, diz um estudo publicado nesta semana na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, dos Estados Unidos. “As nossas análises mostraram que, se continuarmos com os dois modelos de desenvolvimento historicamente usados, que são a conservação pura da floresta e a atividade agropecuária, o desmatamento vai continuar. Se não encontrarmos uma outra maneira, a floresta vai desaparecer”, afirma em entrevista o climatologista Carlos Nobre, principal autor do estudo e recém-eleito membro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Chamada de “terceira via”, a proposta dos cientistas enxerga a Amazônia como um patrimônio biológico global, que pode impulsionar a nova revolução movida a inteligência artificial e tecnologias que “imitam” a natureza –o biomimetismo. “Estamos dizendo que existe um valor agregado muito maior nos recursos biológicos da Amazônia que podem gerar uma economia muito robusta, de longo prazo, que sustentará um novo modelo e que é compatível com a floresta em pé”, explica Nobre.”

Percebemos muito isso em atividades recentes que fizemos com o pessoal da Rede NAMOR (Rede de NITs da Amazônia Oriental), que vem avançando com um portfólio tecnológico que atua em cultivos mais eficientes, controle de pragas, controle de doenças, transformação de resíduos sólidos e muitos outros! Uma das tecnologias mais interessantes no portfólio do NIT é o uso de um extrato de uma planta de fácil acesso e grande volume na Amazônia para o tratamento de doenças hepáticas (com vistas à produção de um medicamento fabricado na Rússia chamado Ropren). Uma outra fronteira da biologia é a biologia sintética, muito explorada até por aceleradoras específicas nos EUA e em um trending topic do momento, o biohacking (entenda melhor nesse ótimo Ted).

É isso! O futuro está chegando e esperamos ter ajudado você a enxergar um pouquinho sobre o que nos espera! Gostou? Acompanhe a Wylinka no facebook, é sempre cheio de novidades!

p.s.: quer mergulhar mais a fundo no tema? Então veja esse relatório importante da Agfunder — https://agfunder.com/research/agtech-investing-report-2015

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