Políticas de Inovação

Duas maneiras pelas quais o Reino Unido incentiva a inovação.

27/outubro/2019

Duas maneiras pelas quais o Reino Unido incentiva a inovação.

Estamos chegando ao encerramento de um grande projeto que executamos, Wylinka, junto ao NESTA (National Endowment for Science Technology and Arts) do Reino Unido (financiado pela agência de inovação britânica, Innovate UK e pelo Fundo Newton). O projeto, Global Innovation Policy Accelerator (GIPA), teve como objetivo realizar um estudo do ecossistema de inovação brasileiro e, por meio de workshops e outras atividades, aprimorar as práticas em políticas públicas no nosso país. Tudo a ver com a nossa missão de desenvolvimento institucional no Brasil 🙂

Para reforçar esse fechamento, resolvemos pegar 2 mecanismos não muito falados que funcionam como grande estímulo à inovação no Reino Unido para compartilhar para vocês nesse post. Escolhemos dois de natureza bastante oposta para mostrar como a inovação é um conjunto de elementos que vão se interligando para fazer as coisas acontecendo. Inclusive, é por isso que usa-se o conceito de ecossistema: um conjunto de agentes que permitem a vida de algo. No caso, esse algo são os grandes resultados de inovação (como por exemplo, Londres sendo eleito o terceiro melhor ecossistema de startups do mundo, à frente de Beijing e Boston). Sem mais delongas, vamos aos mecanismos!

Photo by Heidi Sandstrom. on Unsplash

#1: A modernização de arcabouços legais para o P&D empresarial

Uma das grandes maneiras de se estimular a inovação em um país é o desenho de arcabouços legais que incentivem o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) por parte da iniciativa privada. No Brasil, por exemplo, embora tenhamos um grande volume de pesquisadores espalhados pelas Universidades, há pouco espaço para que estes sejam absorvidos por departamentos de P&D em corporações. Essa absorção gera (i) melhoria no capital humano; (ii) maiores incentivos para seguir a carreira em pesquisa; (iii) aumento de competitividade local; (iv) mais recursos direcionados às universidades por meio de projetos de P&D em conjunto; (v) maior geração de spin-offs, como empresas e novos projetos oriundos das atividades de P&D.

Uma boa estratégia foi adotada pela agência Innovate UK desenvolveu uma série de mecanismos institucionais para fazer com que fossem criados mais projetos de Pesquisa e Desenvolvimento, tais como:

  • Catapult Centers: espaços físicos nos quais empresári@s, cientistas e engenheir@s trabalhavam lado a lado em projetos de P&D com maior maturidade para serem absorvidos pelo mercado;
  • Collaborative R&D: estrutura que financiava projetos de P&D originados de parcerias entre universidade-empresa;
  • Innovation Vouchers: prêmios de cerca de R$25.000 para encorajar empresas a contratarem novos fornecedores ligados a transferência de tecnologia;
  • Knowledge Transfer Partnerships (KTP): mecanismo de financiamento que encorajava novos projetos de parceria universidade-empresa.

Com esses mecanismos, a agência do governo britânico conseguiu grandes resultados de inovação radical, com novas tecnologias e pesquisas de bancada sendo levadas para o mercado da maneira mais efetiva possível.

#2: A liberdade para alun@s empreendedor@s serem partícipes da inovação.

Nas universidades britânicas, há uma grande concentração das famosas “Entrepreneurship Societies”, organismos independentes, criado e liderado por alunos, para o estímulo ao empreendedorismo e inovação no campus. Hoje, o Reino Unido conta com mais de 200 Entrepreneurship Societies, inclusive possuindo uma organização nacional de suporte às mesmas — a NACUE (National Association of College & University Entrepreneurs).

Sua disposição é similar aos Núcleos de Empreendedorismo / Ligas de Empreendedorismo que existem no Brasil: alunos se organizando para fomentar empreendedorismo em sua instituição. Diferente do primeiro mecanismo, que é uma política pública “de cima pra baixo” (top down), tais Societies são construídas “de baixo para cima” (grassroots), começando de maneira independente até influenciar gestores e decisores públicos. Para que isso aconteça, é necessária abertura governamental que permita a existência desses mecanismos, bem como suporte da melhor maneira. Desde 2011, o Ministro dos Negócios (na época, Mark Prisk) tem desenhado políticas de apoio e trabalho em conjunto com as Societies.

Um dos mais emblemáticos exemplos é o caso da Oxford Entrepreneurs, uma das maiores societies do Reino Unido, que já gerou startups como a Monzo (Fintech que recentemente captou cerca de R$580MM em um Series F) e a PlinkArt (adquirida pela Google em 2010). A organização não só organiza eventos, hackathons e programas de suporte a startups, mas também auxilia na conexão de anjos e investidores, destacando mecanismos de isenção fiscal do Governo Britânico para seus investidores.

Como resultado dessa abertura governamental à autonomia estudantil, as Entrepreneurship Societies já atingiram +32.000 alunos, com +16.000 negócios gerados e +40.000 empregos criados. Já pensou se a abertura institucional para mecanismos não-institucionais pega no Brasil? 🙂

E como aprender com o Reino Unido?

No Brasil, ainda precisamos nos esforçar muito para alcançar a maturidade institucional britânica, mas temos feito nossos avanços. Um exemplo é o movimento de Núcleos de Empreendedorismo, que já se espalham pelo país e, junto com as Empresas Juniores, estimulam bastante o empreendedorismo entre a graduação. Nesse texto, falamos sobre como criar um Núcleo na sua universidade. 😉

Além disso, esforços como o projeto GIPA, no qual participamos, ajudam a disseminar o conhecimento entre decisor@s públicos — e esperamos espalhar ainda mais tudo que aprendemos com os parceiros britânicos por todo o nosso país. Se você tiver interesse em realizar algum projeto conosco, não deixe de mandar um email para a Sara Aquino (sara.aquino@wylinka.org.br), do nosso comercial, que ela faz a mágica dela. 🙂

Abaixo, alguns links que podem ser úteis para você que curte política pública para inovação:

Esperamos que tenham gostado! Because, when you rock, #wyrock!

Autor: Artur Vilas Boas

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