Comportamento Empreendedor

Deep Techs em destaque no AOM 2025: o que a maior conferência de Administração revelou

16/setembro/2025

AOM 2025 e o olhar sobre as Deep Techs

A Wylinka tem raízes profundas na vida acadêmica. Nascemos dentro da UFMG e muitos dos nossos membros e ex-membros seguem atuando como pesquisadores. Nossa CEO, Ana Calçado, por exemplo, além de ter sido pesquisadora em bioquímica, hoje desenvolve doutorado na USP com foco em Deep Techs.

Recentemente, tivemos um encontro super especial nessa jornada de membros Wylinka: dois ex-gestores, Artur e Elimar, se encontraram na Dinamarca, já como pesquisadores, durante o Academy of Management 2025, a mais prestigiada conferência acadêmica em Administração do mundo. Aproveitando essa oportunidade única, pedimos ao professor Artur que compartilhasse um pouco do que o AOM25 trouxe sobre um tema que tanto nos inspira: as Deep Techs. Os insights foram riquíssimos e resolvemos transformá-los neste post.

Então, bora para mais uma leitura?


Foto: Copenhague, tirada pelo prof. Artur durante a conferência.

A explosão do termo Deep Tech

Para muitos acadêmicos, o termo Deep Tech não é tão bem-vindo. Em algum nível, ele fala sobre o mesmo que autores já trataram ao discutir empreendedorismo acadêmico, e essa mudança de termos pode ser prejudicial. Apesar disso, como destacado no próprio AOM, a ideia das Deep Techs parece endereçar uma outra unidade de análise que antes não era coberta na literatura acadêmica: o nível de projeto/organização. Enquanto muito se falava sobre empreendedorismo acadêmico olhando para a figura dos cientistas, as Deep Techs surgem como um fenômeno organizacional, muitas vezes não nascendo dentro das universidades, mas sim como projetos inovadores em empresas estabelecidas.

E esse é um dos principais argumentos pela necessidade de continuarmos reforçando a importância das Deep Techs. Esse ponto foi evidenciado durante o evento com a apresentação de um gráfico super interessante por parte de uma gestora do MIT. Como podem ver na imagem abaixo, houve uma explosão no uso e na busca do termo Deep Techs – o que reflete em mais empresas querendo apoiar, mais especialistas usando o conceito e maior necessidade de um tratamento acadêmico para o fenômeno. Dito isso, segue o jogo para as Deep Techs!


Uma nova figura no pedaço: New Inventors Ph.D. Students

Apresentando sua pesquisa mais recente, Mercedes Delgado e Fiona Murray trouxeram um novo fenômeno que estão analisando na América do Norte: a onda de estudantes de doutorado como protagonistas na comercialização da ciência. Esse é um debate que versa sobre o tema da tradução acadêmica – tópico que sempre abordamos por aqui, como neste nosso famoso texto – e que vem acontecendo cada vez mais nos últimos anos.

Esse fenômeno aparece por dois grandes motivos, um positivo e um negativo. Do lado positivo, o aumento dos doutorandos inventores decorre da mudança cultural nas universidades ao redor do mundo. Ao entenderem que empreendedorismo e inovação são caminhos relevantes para transformar conhecimento em impacto, novos programas (como o nosso programa Atômica, junto ao Sebrae) e mecanismos de financiamento (como o PIPE FAPESP) tornam essa jornada mais acessível e atrativa para cientistas com perfil empreendedor. Do lado negativo, esse crescimento também está ligado à assimetria entre o número de PhDs formados e a disponibilidade de vagas nas universidades, reflexo da menor atenção e do menor apoio financeiro às instituições acadêmicas em todo o mundo nos últimos anos.

Um dado que merece destaque: 30% das novas patentes nos EUA envolvem doutorandos, e esse número chega a 44% quando se trata de invenções no MIT. Por outro lado, permanece o desafio da inserção das mulheres nesse contexto. Como reportam Delgado e Murray nesse estudo de 2023: embora 25% dos doutorandos nos EUA sejam mulheres, apenas 21% das patentes têm a participação de doutorandas, e apenas 13% das novas inventoras em geral são mulheres. Um dado duro a ser combatido – o fenômeno chamado “under-utilization of STEM women”.

Novos programas para empreendedores acadêmicos

O Academy of Management 2025 também trouxe uma série de apresentações sobre novos programas focados em transformar a pesquisa em empreendedorismo, muitos deles pretendemos implementar nos nossos modelos. Destacamos aqui o programa nacional de empreendedorismo acadêmico no Canadá – i2i, que nos inspirou bastante com um esforço coordenado entre universidades em trilhas de formação e suporte muito interessantes.

Além disso, o i2I apresenta um modelo rico de atenção a diferentes públicos dentro da universidade. Ele combina, por exemplo, trilhas distintas para atores-chave da academia: treinamentos híbridos de oito meses para alunos de pós-graduação, programas de seleção de um a dois anos para pós-docs (com foco tanto em avanço científico quanto na comercialização de pesquisas) e a iniciativa “faculty innovation fellows”, na qual professores passam uma semana imersos em workshops estratégicos de inovação com a indústria. O objetivo é gerar transformação de longo prazo, com maior capacidade de inovação, diversidade, mudança cultural sustentável e aceleração de projetos Deep Tech em todo o Canadá. Adoramos!

E o mais interessante: essa visão de múltiplos perfis de empreendedorismo acadêmico vem acompanhada de múltiplas possibilidades de saída. Como foi apresentado, perfis distintos podem seguir caminhos distintos – alguns tornam-se empreendedores e fundadores (scientist-entrepreneur path), outros seguem a via da inovação dentro de empresas (champions of innovation path), enquanto outros se tornam acadêmicos focados na tradução de pesquisa (translational scientists path). Trata-se de uma jornada super rica, com fôlego de longo prazo e impacto transformador para a inovação canadense, como a imagem abaixo ilustra.


Conclusão: o impacto do AOM 2025 nas Deep Techs

O Academy of Management 2025 reforçou que as Deep Techs são um fenômeno em crescimento, com poder de transformar pesquisas acadêmicas em soluções de impacto real. Da ascensão dos doutorandos inventores à criação de programas nacionais de inovação, fica claro que a ciência e o empreendedorismo caminham cada vez mais juntos.

Se você quer acompanhar como a Wylinka vai aplicar esses aprendizados em novos projetos, siga nossas redes sociais (LinkedIn e Instagram). Quem sabe você não participa como apoiador ou empreendedor em uma próxima jornada?

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