Deep Techs e Startups

CVC e Deep Tech: uma chave para a mitigação de riscos

22/novembro/2023

O Corporate Venture Capital (CVC) é um termo que está ganhando cada vez mais destaque no mundo dos negócios à medida que as grandes corporações buscam maneiras de se manter relevantes em um cenário de constante mudança e inovação.

Segundo o report “O Corporate Venture Capital como veículo de investimento em inovação” (2022), produzido pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), no Brasil, o mecanismo bateu sua máxima histórica pela primeira vez em 2018, quando movimentou US$ 842 milhões. Porém, o estudo mostra que os números continuam a subir e, mesmo com a queda no mercado de investimentos entre 2019 e 2020, em 2021 o CVC 2021 superou o valor histórico de 2018, somando mais de US$ 2 bilhões investidos.

Mas o que exatamente é o CVC e como ele pode evoluir investindo em deep techs? Neste artigo, exploraremos como ele está se adaptando para impulsionar a inovação tecnológica de ponta. Pegue um café e vamos lá!

O que é CVC?

O ecossistema de inovação está aquecido e novas startups estão surgindo a todo momento com soluções disruptivas. Nesse contexto, as grandes corporações já entenderam que também podem se beneficiar desse movimento e estão passando a investir em startups.

Para isso, as corporações utilizam o CVC como um mecanismo de inovação aberta, que complementa ou, para alguns especialistas, até substitui os times internos de pesquisa e desenvolvimento. Nessa relação, além do retorno financeiro, elas também visam a possibilidade de retorno estratégico para a corporação.

Outra característica de um CVC é a de que ele não é um processo de impacto imediato, mas um investimento em inovação voltado para o futuro. Para se ter uma ideia, nesse report produzido pela Distrito, especialistas estimam que os resultados podem aparecer em 6-8 anos após os primeiros investimentos. Para saber mais sobre como funciona um CVC, clique aqui

O CVC como uma opção estratégica

O CVC tem sido usado pelas grandes empresas para acessar novos mercados, identificar tecnologias emergentes e acompanhar as tendências de seus setores. Ou seja, busca-se, em outros ambientes, o acesso a tecnologias e conhecimento que não poderiam ser facilmente desenvolvidos pela corporação investidora.

Essas características evidenciam o CVC como uma opção estratégica para o de-risking de deep techs, uma vez que ele também está alinhado com a natureza de longo prazo da pesquisa e inovação.

Oportunidades e desafios

Recentemente, lançamos um estudo sobre investimento em deep techs que enfatizou a importância das grandes empresas no ecossistema de deep techs. O relatório mostrou que elas desempenham um papel essencial no desenvolvimento dessas startups, uma vez que oferecem diversos recursos, sejam financeiros ou não, para a maturação desses negócios.

Apesar de corporações como AmBev, Suzano e ArcelorMittal estarem desempenhando um papel fundamental na promoção da inovação aberta e na colaboração com startups – estando entre as três primeiras da lista das 100 empresas que mais praticam inovação aberta com startups no Brasil, de acordo com o Ranking 100 Open Startups 2022 – o cenário atual é que as grandes empresas ainda precisam aprimorar seu relacionamento com centros de pesquisa e academias. Isso exigirá adaptações em suas estratégias de inovação e mudanças de mentalidade.

Confira algumas boas práticas para a mitigação de riscos em investimentos em deep techs:

Na prática 

Um ator que está trabalhando a conexão CVC e deep techs no Brasil é a Oxygea. A empresa investe e acelera startups dedicadas à sustentabilidade e tecnologia para transformar o futuro da indústria e tem como cerne a busca por tecnologias que atendam os principais desafios da Braskem, focados em sustentabilidade e transformação digital.

Uma boa prática para a mitigação de riscos em investimentos em deep techs que a empresa segue é a conciliação da busca de mercado relevante com o desenvolvimento tecnológico, visando a criação de soluções mais custo-eficientes. Segundo a Portfolio Manager da Oxygea, Lívia Hallak, a busca por sustentabilidade em uma petroquímica exige uma prática consistente e extensa de pesquisa e desenvolvimento para criar produtos químicos inovadores, formulações e processos de produção aprimorados. “É por isso que buscamos tecnologias como nanotecnologia e biotecnologia para otimizar nossas operações, resultando na produção de produtos mais eficientes e sustentáveis”, conta. 

“A aproximação de pesquisa em deep techs tem sido uma peça-chave no desenvolvimento de materiais avançados, incluindo polímeros de alto desempenho, materiais compósitos e revestimentos de última geração. Além disso, a utilização de tecnologias de sensoriamento remoto, Internet das Coisas (IoT) e análise em tempo real é fundamental para assegurar a segurança dos nossos processos industriais, bem como para monitorar as condições operacionais em tempo real”, Lívia Hallak.

Lívia também conta que a decisão de focar em deep techs está alinhada com a estratégia de investimento de longo prazo da controladora da Oxygea, que busca impulsionar a inovação e a sustentabilidade no setor petroquímico. Trabalhando assim outra medida de mitigação de risco: instrumentos de investimento mais adequados ao ciclo de maturação das deep techs.

De acordo com com a Portfolio Manager, a abordagem de deep techs permite explorar novas fronteiras de inovação, desde o desenvolvimento de materiais avançados até a automação de processos de produção. “Essa diversidade de oportunidades nos posiciona de forma competitiva no cenário de investimentos, oferecendo potencial de crescimento significativo. Acreditamos que ao investir nesse segmento, podemos não apenas catalisar avanços tecnológicos, mas também gerar valor substancial para a Braskem e valor transformacional para a sociedade”, informa.

Atualmente, a Oxygea conta com 2 empresas deep tech em seu programa de aceleração. A Bioreset, empresa focada na produção de plástico biodegradável (PHA/PHB) através de processos biológicos de fermentação. Já a Embeddo atua na área de transformação digital na indústria, com o desenvolvimento de sensores com tecnologia de processamento embarcada e protocolos de comunicação que permitem a captura de dados em tempo real, controle e automação dos processos. Essas startups têm acesso ao network de parceiros, canais de distribuição, dados e informações de mercado, assim como às capabilities e expertise para escalar negócios.

Conclusão

À medida que examinamos a evolução do CVC e seu impacto no ecossistema de inovação, fica claro que as grandes corporações estão desempenhando um papel vital na promoção da mitigação de riscos para as deep techs. Por meio de investimentos estratégicos e colaborações com startups, essas empresas estão não apenas protegendo seu próprio futuro, mas também impulsionando a inovação tecnológica de ponta.

Ao enfrentarem os desafios inerentes à mudança de mentalidade e à adoção de uma visão de longo prazo, as grandes corporações estão contribuindo significativamente para o desenvolvimento sustentável e a transformação de diversos setores. Portanto, o CVC não é apenas uma opção estratégica para essas empresas, mas também um elemento-chave na jornada rumo a um futuro mais inovador e seguro, onde as deep techs desempenham um papel fundamental na solução dos desafios globais.

Autoras: Maristela Meireles – Gestora de Marketing na Wylinka, já atuou na capacitação de empreendedores e no desenvolvimento de metodologias para nossos programas de inovação e aceleração de soluções. / Tuany Alves – Jornalista e analista de comunicação na Wylinka.

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