Deep Techs e Startups

Spin-off da UFV é comprada por grande grupo empresarial — e queremos mais notícias assim!

24/novembro/2017

Spin-off da UFV é comprada por grande grupo empresarial — e queremos mais notícias assim!

Esse mês foi muito importante para a história da Wylinka por um motivo: o lançamento do livro Inovação na Raíz, que conta a história de um de nossos conselheiros e grande apoiador da nossa missão, o Gustavo Mamão. O livro conta sobre a jornada da empresa Rizoflora em biotecnologia para agronegócio, jornada que passa por momentos como o primeiro contato com as pesquisas de fronteira de um professor da UFV, o sonho de uma agricultura brasileira mais eficiente e menos dependente de agrotóxicos e produtos nocivos, a construção de uma empresa de base tecnológica, os desafios de se tornar uma companhia relevante no cenário brasileiro e a venda para um grupo internacional que maximizou o impacto do sonho dos empreendedores acadêmicos envolvidos. Não iremos dar mais detalhes pois vocês terão que descobrir lendo o livro, mas a história da Rizoflora é interligada à história de muitos de nós da Wylinka e é incrível ver os frutos dos nossos esforços melhorando o país a partir da pesquisa científica. Clique aqui para conhecer o livro.

E por que histórias como a da Rizoflora não acontecem com maior frequência no Brasil? Já falamos em alguns textos sobre problemas no incentivo ao empreendedorismo nas universidades, sendo algumas métricas as grandes vilãs desse movimento (veja nosso artigo detalhado clicando aqui) além de problemas sobre cultura de empreendedorismo nas universidades (veja nosso outro artigo clicando aqui). Mas como podemos maximizar o surgimento de empresas a partir de pesquisas de fronteira? A resposta se encontra nos NITs, e seus desafios são um grande gargalo para a inovação no Brasil. Nesse texto queremos falar um pouco dos desafios desses mecanismos e as soluções que nós, da Wylinka, temos encontrado para minimizar as barreiras ao empreendedorismo acadêmico.

Contextualizando: os Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT’s) no Brasil.

Formalmente falando (Lei 10.973, 2004 — artigo 16), os NIT’s nascem como um mecanismo para especialmente gerenciar a política de inovação das instituições científicas e tecnológicas (ICT’s), promover a interação da ciência com o setor produtivo e gerir os ativos relacionados à propriedade intelectual dessas instituições. Na prática, os NIT se concentram em (i) transferência de tecnologia e parcerias (ajudar a fazer com que o conhecimento científico transborde para o setor produtivo), (ii) gestão da propriedade intelectual, (iii) capacitação de pesquisadores e (iv) incentivo a uma cultura de empreendedorismo nos centros de pesquisa. Um maior detalhamento sobre a história de surgimento dos NIT’s e suas funções no Brasil pode ser encontrado na dissertação de mestrado na UFMG de um dos gestores da Wylinka, o Elimar. Recomendamos conferir o estudo do nosso especialista para entender melhor algumas especificidades (download clicando aqui)!

Gargalo 1: o desafio da gestão do conhecimento para a disseminação de ferramentas sobre empreendedorismo acadêmico

O primeiro gargalo se relaciona à grande rotatividade nos NITs brasileiros — sendo o corpo operacional geralmente composto por bolsistas e estudantes, há uma grande entrada e saída de novos membros, o que dificulta o processo de manutenção do conhecimento e dos conteúdos. A organização de materiais, a capacitação e o desenvolvimento de competências técnicas é, deste modo, prejudicada e as rotinas acabam se tornando excessivamente operacionais e pouco motivadoras, o que alimenta uma espiral negativa de rotatividade e baixa capacitação. Para minimizar isso, plataformas de conteúdo, como a criação de uma Wiki do NIT, têm se mostrado uma boa saída (criar uma Wiki é mais fácil do que parece, podendo ser feita com um google docs e links para um dropbox de conteúdos ou usando ferramentas prontas, como explicado nesse link). Estudos recentes (como esse recente paper publicado no Journal Knowledge Management Research & Practice) têm mostrado que a convivência entre NIT’s, quando bem estruturadas atividades de compartilhamento de boas práticas, minimizam esse gargalo.

Capacitações externas também são bastante ricas e motivadoras, a Wylinka mesmo oferece um corpo de cursos para NITS que já rodou o Brasil inteiro e tem ótimos feedbacks 🙂

Gargalo 2: a baixa priorização por parte das universidades e as consequências no direcionamento estratégico

Não somente há uma barreira cultural por parte de pesquisadores e professores, a gestão das universidades é muitas vezes o grande gargalo ao deixar de priorizar os NITs e tratá-los como pauta estratégica. Essa falta de atenção estratégica tem como consequência as atividades dos NITs sendo negligenciadas e carecendo de orientação clara, plano de ações, definição de missão e metas e amadurecimento de atividades-chave. A realização de um diagnóstico e o desenho de um planejamento estratégico é fundamental para os avanços dos NIT’s, podendo inclusive ser utilizados Modelos de Maturidade para melhor avaliar as métricas e estágios de maturidade estratégica da organização. Uma boa dica é conferir esse estudo com um modelo de maturidade e boas métricas para avaliar um NIT. Um outro material que tem nos inspirado em nossos trabalhos de direcionamento estratégico de NITs é esse modelo de desenvolvimento proposto pelo Design Council do Reino Unido, focado em melhorar processos de transferência de tecnologia.

Gargalo 3: A escassez de recursos gerando incapacidade para avaliar e suportar um portfólio de tecnologias potenciais geradas na universidade

O último gargalo é a consequência dos dois acima: a escassez de recursos de um NIT no Brasil é um dos grandes aspectos pelos quais temos menos histórias como a Rizoflora. Um estudo recente de Cambridge mostra que os NITs brasileiros possuem um número reduzido de colaboradores, e estes sendo pouco qualificados. A principal consequência dessa escassez de recursos é a falta de braços para apoiar, avaliar e priorizar o desenvolvimento de tecnologias potenciais dos centros de pesquisa. Não conseguir promover a inserção de tecnologias no mercado é acabar com a missão original de um NIT — e pensando nisso gestores da Wylinka produziram um estudo mapeando o processo de avaliação de tecnologias que utilizamos de modo a orientar NIT’s a realizar suas avaliações mesmo em contextos de escassez de recursos. No estudo, foi delineado um processo com etapas claras, objetivos e desafios para a avaliação de portfólios de tecnologia quando não se possui muitos recursos humanos para sua realização. Um dos resultados foi a produção desse quadro com as etapas e horas dedicadas em contextos de escassez de pessoas:

Fonte: Ribeiro e Vasconcellos (2017).

O estudo foi aprovado no XX SEMEAD e ainda conquistou a aprovação para fast-track no Future Studies Research Journal (para leitura, baixe clicando aqui).

Ainda são muitos os desafios para inovação tecnológica no Brasil…

porém, há sempre possibilidades de melhoria. Não é sobre somente reclamar que a legislação ou o país não oferecem suporte ao empreendedorismo acadêmico, pois a história do livro mostra que é possível e que muitos mecanismos (incubadora, universidade, Sebrae, órgãos de fomento e outros) foram fundamentais, mas para isso é preciso de muita gente boa envolvida nos mesmos. A proposta desse texto foi trazer um pouco do que temos aprendido e produzido de estudos para melhorar os NIT’s do país, e esperamos ter ajudado gestores de universidades e de mecanismos de apoio ao empreendedorismo acadêmico com o nosso post. A Wylinka oferece muitos serviços para NITs no Brasil inteiro, então havendo interesse, é só nos procurar pelo site clicando aqui!

Because when you rock, #wyrock!

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