Destrinchando algumas tecnologias “quentes” e sua aplicação em saúde!
Destrinchando algumas tecnologias “quentes” e sua aplicação em saúde!
Como alguns dos nossos leitores já sabem, um dos principais trabalhos que a Wylinka realiza é a avaliação de tecnologias, especialmente voltando-se para a sua comercialização no mercado — como nessa reportagem em que somos citados por esse papel com a Fiocruz e o desenvolvimento de uma vacina de DNA. E, como muitas das vezes temos que mergulhar em tecnologias relacionadas ao mercado de saúde, resolvemos fazer um post para falar um pouco de fronteiras interessantes que enxergamos para esse mercado com as novas tecnologias do momento (inteligência artificial, internet das coisas, realidade virtual etc.).
Primeiro de tudo, é importante entender que o mercado de saúde é muito grande, sendo muito comum um foco excessivo em somente um aspecto, como dispositivos médicos ou fármacos. Além desses, temos softwares, novos materiais, tecnologias de suporte a diagnóstico, aplicativos e até mesmo ferramentas para melhoria no ensino de saúde (bem como na atuação socioeducacional). Outra limitação comum é a leitura sobre o espaço para o desenvolvimento de soluções, na qual ocorre um fechamento somente à inovação hospitalar, esquecendo-se do universo fora do hospital, como os campos de prevenção/promoção de saúde, atendimento/tratamento remoto (telessaúde), engajamento em tratamentos (disciplina com medicamentos e outros elementos terapêuticos) e outros. Com isso dito, a pergunta central desse post é: como nós, da Wylinka, temos enxergado o horizonte do mercado de saúde com as novas tecnologias que estão surgindo?
A expansão das capacidades e as novas interfaces
Realidade virtual, realidade aumentada e human augmentation são os tópicos-chave aqui. Para quem não sabe, human augmentation são os dispositivos que aumentam a capacidade dos seres humanos — sendo o caso mais extremo o Homem de Ferro, e o caso mais próximo sendo o celular aumentando a nossa memória. No caso da human augmentation para saúde, temos grandes melhorias na precisão cirúrgica com a robótica, no diagnóstico por imagens com novas técnicas (como a microscopia de expansão do MIT ou o mais recente Nobel de Química com a criomicroscopia) e melhores simulações. Já a realidade virtual (tecnologia em que você faz uma imersão em uma outra realidade, normalmente associada aos óculos VR) vem trazendo boas reduções de custos no ensino de medicina, como é o caso da startup MedRoom, além de novas fronteiras terapêuticas, como o caso da Farol VR. Um compilado sobre duas você encontra aqui. Por fim, a realidade aumentada (quando interfaces trazem outros elementos digitais para o nosso espaço real, como foi o caso do Pokemon Go) temos grandes avanços com estruturas holográficas para análise de pacientes com projeções e até mesmo a melhoria da leitura e organização de dados com novas estruturas. Um vídeo interessante é o “a day made of glass”, no qual temos um trecho em que traz-se o futuro dos hospitais com a evolução das interfaces:
E a tal da inteligência artificial?
Inteligência artificial é o tema do momento, muitas vezes caindo no genérico e no mal explicado. Para não nos estendermos muito, podemos dizer que inteligência artificial é a capacidade que máquinas/computadores podem desenvolver para otimizar um determinado resultado — geralmente ligado a funções como tomada de decisão e reconhecimento visual/verbal. Compreendendo esse conceito da habilidade de uma máquina reconhecer padrões e otimizar a tomada de decisão, por exemplo, podemos pensar diversos horizontes em saúde, como é o emocionante caso da Robô Laura — o primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos do mundo, criado por um brasileiro após perder sua filha em um quadro específico de infecção. O robô tem a capacidade de absorver informações em um ambiente hospitalar, analisar e alertar com maior precisão os profissionais responsáveis no momento, minimizando os riscos de negligência ou falta de atenção. Além disso, a inteligência artificial apresenta excelentes fronteiras no campo da visão computacional, auxiliando na tomada de decisão em análises clínicas e otimizando procedimentos que antes eram feitos manualmente, como contagem de células.
Internet das coisas: a hora dos sensores e dos vestíveis!
O conceito de internet das coisas surge da provocação que a maioria das “coisas” que utilizamos (roupas, objetos pessoais, móveis, carros etc.) não estão 100% conectados, deixando de capturar dados e de gerar um nível de tratamento dos mesmos que poderia oferecer grandes insights e otimizações. Aqui se tem também a fronteira do big data — outro tema presente no festival de buzzword em que muita gente não sabe o que está falando, mas que pode ser lido como a capacidade de tratamento de um grande volume de dados para melhores decisões. Quando se extrapola isso para o ambiente de saúde, temos um enorme horizonte de oportunidades: desde equipamentos hospitalares mais conectados até sensores para recuperação motora. Os casos mais próximos da nossa realidade são os vestíveis (wearables), como os smartwatchs que podem monitorar nosso nível de atividade física, nosso sono e, em alguns casos, pontos mais específicos como pressão cardíaca e até mesmo glicose — como esse novo relógio que consegue monitorar reduzindo inclusive o desconforto da agulha:
Os novos caminhos das telecomunicações
Além das tecnologias mais específicas, estruturas simples de telecomunicação também estão oferecendo um bom horizonte para o mercado de saúde — como é o caso dos aplicativos para controle de medicamentos, para maior disciplina em terapias etc. Avançando, temos também o papel da Telessaúde, o atendimento remoto que reduz custos (no Canadá, estima-se uma economia de mais de 10 bilhões de dólares entre 2007–2013 só com telessaúde) e garante acesso a regiões que antes não poderiam ser minimamente atendidas. Novas estruturas de comunicação também se posicionam como promissoras, como é o caso da Blockchain (já explicamos mais nesse post) e o seu papel no rastreamento de medicamentos, no desenvolvimento de contratos mais inteligentes e no uso de dados distribuídos para realização de estudos complexos (como os epidemiológicos).
Como já falamos no começo…
o horizonte é muito grande, mas é bastante promissor. Nesse post nós buscamos falar das aplicações envolvendo as tecnologias mais comentadas no momento, havendo ainda muito espaço para discutir os outros campos tecnológicos que trouxemos no início do texto. E quer saber quais startups interessantes observar? Separamos dois infográficos para os interessados. O primeiro, com a imagem abaixo, é sobre o futuro dos hospitais e o segundo é um relatório sobre tecnologias para saúde em geral (indo além dos hospitais, o que é muito importante na cadeia da saúde). Além disso, para ir mais fundo, recomendamos os livros do Eric Topol (The Creative Destruction of Medicine / The Patient Will See You Now) e a tese de doutorado do professor Marcelo Caldeira, da USP, com uma excelente análise sobre a cadeia de valor da saúde no Brasil. Esperamos que tenham gostado, qualquer coisa é só acompanhar a Wylinka no facebook pois postamos sobre novas tecnologias em saúde semanalmente!
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